segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Hoje, o Janela passou a tarde conversando sobre a dramaturgia da recepção como solução para algumas lacunas do experimento do grupo. Nossa, Neto levou um texto sobre Estética Relacional e... BINGO! Tem tudo a ver com a recepção. Pensamos até que a dramaturgia da recepção seja uma das soluções que a Estética Relacional traz. Nossa, isso tem muito a ver com a oficina. A necessidade de se construir qualquer obra de arte que seja a partir dos leitores, espectadores e afins. A importância em pensar que o produto só se torna uma obra de arte quando é transformado pelo público ou quando o transforma e, portanto, só existe se esse público ta presente e atuante. E, pra isso, sempre pensar em códigos coletivos, naquilo que na oficina chamamos de “memória social”. Acho até que aquela conversa no final da oficina, pós-apresentações, contribuiu para essa Estética Relacional, já que os feedbacks de sensações revelaram pro coletivo – que fez os experimentos e que viu – inúmeras leituras, subjetividades e, de certa forma, quem viu se tornou atuante, porque os experimentos foram potencializados e tiveram uma nova leitura depois dos depoimentos das sensações, é como se muita coisa fizesse até mais sentido depois da conversa coletiva.


E o coletivo ia se situando, cada vez mais, como cardume, eram sensações e passos semelhantes que fazia com que, ainda que a vontade de sair existisse, todos ficassem.



“As obras de arte relacional promovem encontros intersubjectivos, cujos significados são construídos colectivamente e não numa esfera de consumismo individual. Ao contrário de uma obra autónoma que transcende o seu contexto, a arte relacional está condicionada ao seu ambiente e ao seu público. A relação obra de arte/espectador sofre uma transformação, no sentido em que o espectador já não observa a obra do exterior, mas passa a integrá-la, inserindo-se no colectivo, criando uma comunidade com carácter temporário ou utópico. A obra, aberta ao espectador, necessita da sua colaboração para se completar. Nicolas Bourriaud, considerado o “pai” da Estética Relacional, refere que não se trata apenas de uma teoria de arte interactiva, mas também de uma resposta à transição de uma economia produtora de bens, para uma economia produtora de serviços ou de pós-produção. É ainda vista como alternativa às relações virtuais da Internet e à globalização, que, depois de terem criado um fosso abismal no contacto corpo a corpo, mais não fizeram do que incitar o desejo de maior proximidade física com o interlocutor. A Estética Relacional desafia-nos a reformular a relação espaço/tempo”. (FILIPA ARANDA, Estética Relacional. Disponível em: http://filiparanda.wordpress.com/2010/01/27/estetica-relacional/ Acesso em: 22.02.2010)



Ana.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

A gente reinventa memórias todos os dias. As nossas e as dos outros.

Às vezes eu tenho a impressão de encarar a realidade sempre diferente, tentando ser sempre quem eu quero ser, nessa busca mesmo. Buscando nos outros memórias nossas e tirando de nós memórias de outros também. Mas elas sempre ficam. Quando a gente não reage conscientemente a isso, o corpo responde, ele lembra. E como ele lembra!

A memória é tão particular, mas as sensações da lembrança são sempre universais, existe sempre identificação. Deve de ser por isso que o cardume, vez ou outra, vira à esquerda e vai em frente, sem tem porquês.

“Eu ainda tô me transformando no que eu quero ser”. Acho que é isso, a gente sempre está.

Começamos a caminhada, com os primeiros passos e cheios de coisas pra lembrar.


Ana.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Um devir necessário... Um trânsito interior.



Passos alados em busca de companhia.
-Joga as tranças!










Foto: Lina Lopes







Um descanso na loucura.
Minha mala-casa.
Meu sonho de vento.











Foto: Lina Lopes






De onde vim, do mar, já não me cabiam as ondas. As janelas explodiram. Eu chorei.









Foto: Lina Lopes.







As portas estavam fechadas.
Eu perdi as chaves.
Tempo.
Espera.
Na mala? Saudade.



Foto: Lina Lopes.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Terceiro dia de trabalho - imagens



Mergulhamos nos abismos do mar revolto de
nossas idéias. O mar pegou fogo!
















A cabeça fervendo por sobre o mar do facetas.













A roda de idéias.
Discussão sobre os textos:
O homem e a natureza - Daisaku Ikeda
Dramaturgia da recepção - José Sanchis Sinisterra













O artista-cangaceiro com a pexeira no pensamento.














De perto ninguém parece normal...











Segundo dia de Oficina

"Marquei com meu nego as cinco
Cheguei as cinco e quarenta,
Esperar mais de cinco minutos,
Quem é que aguenta!..."

Adoniran Barbosa

Está dificil começarmos pontualmente a oficina. Acho que o horário de 18:30 hs tem sido complicado para as pessoas. Mas, a demanda da oficina é grande para pouco tempo de trabalho e precisamos seguir firme no esforço com o tempo. Devido ao atraso, resolvi inverter as ações preparadas para o dia de ontem. Começamos o dia reunidos em grupos, e cada coletivo preparou suas estratégias para recolhimentos das narrativas de vida de cada integrante. Grupos se dividiram no espaço, outros fizeram quase um confessionário com fila de espera, já outros permitiram improvisar em cima do momento e registrar o calor da emoção inesperada, enfim, as estratégias e metodologia ficaram a critério de cada coletivo. Percebo que alguns otimizaram melhor o tempo e conseguiram avançar na decupagem das narrativas e das imagens e já criaram um dialogo com o video. Estou empolgado para ver onde isso vai chegar!
Na segunda parte, voltamos a sala para um trabalho corporal, começando pela preparação do corpo e mente através de alongamentos realizados a partir do proprio peso do corpo e do relaxamento das tensões. Em seguida, trabalhamos em base, criando um arco que toca a terra com o proprio corpo ( a cabeça e tronco pesados a frente, pernas flexionadas e dedos das mãos tocando o chão), e a partir daí, fomos encontrar um campo vibracional no corpo provocados pelas tensões. Encontrado o lugar da vibração, relaxar e reclamar em cima dela através da respiração foi o caminho para retornar ao eixo imbuído de um sentimento pleno de presença. Voltamos as caminhas pelo espaço, primeiramente, sozinho, para que depois cada corpo-individuo se encontrasse com outros formando pequenos coletivos. Mais uma vez, o estímulo da caminhada como identidade do grupo procurou ser mantido, criando unidade através do deslocamento. A escolha dos coletivos se deu na noite anterior, quando a partir dos textos criados no primeiro dia pude perceber interseções entre alguns textos, e busquei criar um diálogo entre os abismos de cada um revelado nas palavras transcritas no dia anterior. Desse processo de intertextualização, surgiram os seguintes textos:

A CURVA QUE TROUXE O VENTO.

Para Potyra e Carol

- Me largaram e nem olharam para trás.

- Estava novamente rodeada por muitos.

- Eu fiquei só...

- Me lembrei do tempo em que andava sozinha.

- Parada...

- Sem fluxo era o meu fluxo...

- A espera do nada...

- Era só onda...

- Eles continuaram seu rumo. A cada passo longe, cresciam, ganhavam força com a distância.

- Procurava fissuras e seguia de encontro a multidão.

- Era só onda...

- Era só onda...

- Até que veio uma curva, e nela, uma alegria...

- uma felicidade instantânea.

- Estão voltando.

- Estamos de volta.

Tudo vem do vento. Para Recy e Alan.

- O vento é único.

- uma massa de ar que corre na direção do nada.

- nada numa corrente...

-correntes que passam...

- de um rio que corre...

- corre junto para um lugar que não existe...

- Existe quando junto.

- Quando junto, é minha memória partilhada. Dói!

- Sou parte de cada um, mas não sou nenhum deles. Caminho só, mas vou junto com eles, lavando meu coração com as lágrimas da partida, porque me levaram junto. Mas, eu fiquei.

Cordão Umbilical

Para Giovana Araújo.

- Cordão umbilical é estar conectado. É ser total no outro. A maternidade é esta conexão para o resto da vida.

- Me cortem esse cordão umbilical. Me joguem um balde de gelo para que possa deixar de me importar com conexões.

- Não há liberdade sozinho. O ar solitário e preso não sente a brisa doce do tempo.

- Meu corpo queima, teima em procurar conexões.

- Respiro em ti, me entrego a ti, sou um pouco mais de mim, em ti.

- Me joguem um balde de gelo!

- Retorno sozinha para dentro de mim, e me junto novamente, sem saber, reunindo os pedaços que se atiraram longe.

O MOMENTO, para Maria Bethânia, Neto Barbosa e Monique Oliveira.

No compasso-não compasso- que o passo vai,

No compasso que vem,

“Tudo” é fio. “Tudo” convexo.

“Tudo” mundo. Todo mundo.

Um universo silencioso e gritante.

Contra ou a favor.

Do olhar dos mínimos que forma “tudo”.

Quanto “tudo” dentro e fora de mim?

E se dentro já for fora? E fora já for mais dentro, ainda?

Memórias...

Pedaços de passado que se fazem presentes.

Nossas marcas.

Em nosso corpo.

E coisas não ditas.

“Tudo ligado como um âmbar elétrico”.

Provocação

No dia 08/02 foram lançadas duas provocações em video: O Brasil Sertanejo (trecho do programa criado a partir do Povo Brasileiro, de Darcy Ribeiro) e Jogo de Cena (filme dirigido por Eduardo Coutinho). A partir das provocações duas frentes de trabalho foram definidas: Memória Social/História Oficial e Histórias de vida. A primeira esta relacionada ao Povo Brasileiro (O brasil sertanejo), onde a partir de uma abordagem histórica e social o programa traça junto com Darcy e outros estudiosos um panorama do nordeste brasileiro. A segunda diz respeito ao filme do Eduardo Coutinho, onde numa sala de teatro atrizes contam histórias de vidas de cidadãs comuns como se fossem suas proprias narrativas de vida, que são intertextualizadas em cena, pelas próprias personagens reais. As provocações resultaram em grupos que se encontraram por afinidade temática:
Memória Social/História Oficial - Grupo Darcy Ribeiro: Titina Medeiros, Alan Chaves, Monique Oliveira, Raniery Souza.
Histórias de Vida -Grupo 1: George Hollanda, Enio Cavalcante, Ana Carolina Marinho, Giovanna Araújo, Rodrigo Bico; Grupo 2: Márcia Lohss, Recy Freire, João Paulo Querino, Carolina Pinheiro, Neto Barbosa; Grupo 3: Alex e Cristina Moreno.
Os grupos começaram a recolher narrativas de vida entre os seus integrantes (em video), para que possam ser recriadas pelo outro e remontada em cena, mantendo um diálogo com a matriz recolhida em video. No exercicio a ser apresentado na quinta-feira (último dia), um diálogo entre linguagens será proposto nas cenas, já que os videos recolhidos serão interseccionados coma cena.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A oficina começou ontem dia 08/02. O primeiro dia de trabalho se dividiu em dois momentos. Na primeira parte, a partir de estímulos físicos (música) e pelo deslocamento no espaço, o grupo foi estimulado a perceber o corpo enquanto materialidade da memória. Um corpo sozinho, umahistória de vida. Um corpo de encontro ao outro, um corpo social, uma memória compartilhada. O trabalho em grupo, através dos deslocamentos propostos tinham como identidade a caminhada, seu ritmo e pulsar internos ao grupo. A partir desse estímulo, os participantes foram estimulados a criação de textos poéticos que retratassem a experiência vivida. Seguem alguns textos:

Visão embaçada.
O cardume ia junto sem pensar para onde, mas por quê?
O porquê ele parecia saber, sem ter porques.
Era um depressa devagar ou um devagar depressa?
Visão desfocada.
O movimento do cardume parecia paralizado.
Ele ia indo, por dentro da chuva, ao encontro de...
Ele ia indo porque sabia que...
Por dentro da sala ia percebendo que...
Era um cardume.
Nada mais.

Ana Carolina Marinho

O MOMENTO

No compasso -não compasso - que o passo vai
No compasso que vem,
"Tudo " é fio. "Tudo" conexo.
"Tudo" mundo. Todo mundo.
Um universo silencioso e gritante.
Contra ou a favor.
Do olhar dos mínimos que forma o "tudo".
Quanto "tudo" dentro e fora de mim?
E se dentro já for fora? E fora já for mais dentro?
Memórias ou simples estar.
Coisas não ditas.
"Tudo ligado como um âmbar elétrico."

Autor desconhecido.

E a noite que chegava não era tão bonita quanto aquele fim de tarde... Olho saboreava as cores e salivava a cada tom. Todos os sentidos reunidos, fragmentar seria declarar decomposição.

Autor desconhecido

... e no fim, o prazer da partida, sentida e necessária, partida sábia, de desapegos em alinhos. Partidas para alinhar o tempo das coisas. Sou eu e todos eles.

Titina Medeiros.

Não há liberdade sozinho
o ar solitário e preso
Não sente a brisa doce do tempo.
Respiro no outro,
Me entrego ao outro,
sou o outro.
E então, enfim, livre!

Enio Cavalcante.

Mais textos virão...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

ATOR-DRAMATURGO, A MEMÓRIA EM NARRATIVA

Nos dias 08 a 11/02/2010 começam os núcleos de pesquisa do projeto INVENTÁRIO. A primeira atividade dos núcleos de pesquisa é a realização do estudo prático e teórico sobre o papel do ator na construção da dramaturgia. A partir de narrativas, videos e textos filosóficos em conflito com a dramaturgia pessoal de cada um, essa perspectiva de trabalho, propõe ao ator sua inserção no processo de construção da dramaturgia, entendo-a como os elementos constituintes da construção da cena. Este INVENTÀRIO propõe um ator que se inscreve, escreve e se insere na obra de arte, por ele ser parte integrante , pensante e pulsante dela.

Artista-Orientador: João Júnior.

Periodo: 08 a 11/02/2010.

Hora: 18:30 as 22:30 hs.

Local: Sede do Facetas, Mutretas e outras Histórias