A CURVA QUE TROUXE O VENTO.
Para Potyra e Carol
- Me largaram e nem olharam para trás.
- Estava novamente rodeada por muitos.
- Eu fiquei só...
- Me lembrei do tempo em que andava sozinha.
- Parada...
- Sem fluxo era o meu fluxo...
- A espera do nada...
- Era só onda...
- Eles continuaram seu rumo. A cada passo longe, cresciam, ganhavam força com a distância.
- Procurava fissuras e seguia de encontro a multidão.
- Era só onda...
- Era só onda...
- Até que veio uma curva, e nela, uma alegria...
- uma felicidade instantânea.
- Estão voltando.
- Estamos de volta.
Tudo vem do vento. Para Recy e Alan.
- O vento é único.
- uma massa de ar que corre na direção do nada.
- nada numa corrente...
-correntes que passam...
- de um rio que corre...
- corre junto para um lugar que não existe...
- Existe quando junto.
- Quando junto, é minha memória partilhada. Dói!
- Sou parte de cada um, mas não sou nenhum deles. Caminho só, mas vou junto com eles, lavando meu coração com as lágrimas da partida, porque me levaram junto. Mas, eu fiquei.
Cordão Umbilical
Para Giovana Araújo.
- Cordão umbilical é estar conectado. É ser total no outro. A maternidade é esta conexão para o resto da vida.
- Me cortem esse cordão umbilical. Me joguem um balde de gelo para que possa deixar de me importar com conexões.
- Não há liberdade sozinho. O ar solitário e preso não sente a brisa doce do tempo.
- Meu corpo queima, teima em procurar conexões.
- Respiro em ti, me entrego a ti, sou um pouco mais de mim, em ti.
- Me joguem um balde de gelo!
- Retorno sozinha para dentro de mim, e me junto novamente, sem saber, reunindo os pedaços que se atiraram longe.
O MOMENTO, para Maria Bethânia, Neto Barbosa e Monique Oliveira.
No compasso-não compasso- que o passo vai,
No compasso que vem,
“Tudo” é fio. “Tudo” convexo.
“Tudo” mundo. Todo mundo.
Um universo silencioso e gritante.
Contra ou a favor.
Do olhar dos mínimos que forma “tudo”.
Quanto “tudo” dentro e fora de mim?
E se dentro já for fora? E fora já for mais dentro, ainda?
Memórias...
Pedaços de passado que se fazem presentes.
Nossas marcas.
Em nosso corpo.
E coisas não ditas.
“Tudo ligado como um âmbar elétrico”.
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