tag:blogger.com,1999:blog-71632746915863961382024-03-13T13:25:25.566-03:00INVENTÁRIOEspaço para compartilhamento de memórias do processo de pesquisa do projeto INVENTÁRIO, uma trilogia migrante.Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.comBlogger32125tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-47336700874708160842013-10-22T22:53:00.003-02:002013-10-22T23:01:17.256-02:00Alteridade MigranteO migrante quando se destina a algum lugar vai em busca da realização de seus desejos e sonhos. Nem sempre aquilo que encontra está de acordo com aquilo que imaginava. A pesquisa com os porteiros na cidade de São Paulo nasceu de dentro do meu próprio processo de migração quando saí de Natal/RN há cinco anos e vim lançar-me na desvairada Paulicéia. A busca por compreender aquilo que de lá, de perto do mar, eu não conseguia entender foi o que me fez aventurar por este outro mar, por este mar-cidade, por esta cidade com dimensões oceânicas.<br />
A Portaria abriu suas portas ontem no Parque Boa Esperança, no CEU São Mateus, bairro da zona leste da cidade de São Paulo. A cada vez que estas portas abrem por estas bandas constituídas em sua maioria de vidas migrantes, e em boa parte, estas vidas revoaram-se do Nordeste para cá, acontece um encontro de pura alteridade entre meu corpo-artista e o corpo-migrante de tantos José´s, Severino´s e João´s que vivem por estas bandas.<br />
A apresentação de ontem foi realizada no Teatro Myriam Muniz, de igual nome ao prêmio que subsidiou a pesquisa e construção desse espetáculo. O público que assistiu o espetáculo era formado por alunos de EJA de uma escola em torno do CEU São Mateus. O espetáculo após um ano sem abrir suas portas, voltou a visitar dentro de mim esta jornada pessoal. Ao final do espetáculo abrimos uma conversa com o público e me deparo com questionamentos e constatações acerca da cidade, do processo de criação, da fruição que muito me afetaram:<br />
- Eu me vi aí, quando você foi para trás do tecido e estas imagens da cidade... você se movendo aí atrás por trás das imagens da cidade... Você quebrando tudo... Eu me vi assim, no meu dia a dia aqui. Mano, é muito loko aqui. A cabeça da gente fica perturbada.<br />
Falou-me um rapaz que tinha descido da quadra, tinha parado de jogar para assistir o espetáculo. Ele chegou na metade da apresentação.<br />
- O que você sentiu quando você entrevistou esses homens? O que você achou que eles sentiram quando você perguntava para eles coisas da época da infância, do que eles vieram fazer aqui?<br />
Perguntou-me um aluno que tinha lido um texto sobre experiência. Eu disse:<br />
- O que eu senti não consegui pensar foi preciso criar algo a partir do meu sentimento. Por isso eu fiz esse trabalho, para tentar dar conta daquilo que eu não estava conseguindo entender quando eu me mudei para São Paulo.<br />
Um homem levantou a mão e pediu o microfone.<br />
- Boa noite. Antes de mais nada, eu gostaria de lhe parabenizar pelo espetáculo. Eu sou do Nordeste, eu sou cearense, eu moro nessa cidade há vinte e sete anos. Já trabalhei dirigindo carro, eu fui motorista de ônibus, e hoje eu sou professor de filosofia e sociologia dessa galera aqui. Eu já não quero mais... Eu já não quero mais ficar aqui. Eu não vejo a hora de voltar para perto daquilo que eu deixei para trás.<br />
- Ah, professor! Não vai, não! Fica! Fica! Fica! - gritavam os alunos para o professor.<br />
- Eu sei ... eu sei... Mas, eu preciso voltar. - respondeu ele com um sorriso de canto de boca. - Mas, eu só quero te dizer, que eu me vi em quase todos os momentos aí dentro do seu espetáculo. Eu estava aí muitas vezes.<br />
Eu, silenciei, e continuamos a conversa com o público.<br />
No final da conversa, todos nos despedimos, e o professor veio ao palco para apertar minha mão perguntando onde eu me apresentaria, quantas vezes eu já tinha feito e o que eu queria daqui pra frente. Apertou minha mão emocionado, os olhos marejados, dizendo:<br />
Parabéns! Obrigado! Eu preciso voltar... Muito obrigado!<br />
E eu...<br />
portei enfim, o silêncio.<br />
Obrigado professor!<br />
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<a href="http://1.bp.blogspot.com/-Ert_3DxHgBE/Umcc9_RQktI/AAAAAAAAAnM/P_mHvVBJTFM/s1600/IMG_9866.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-Ert_3DxHgBE/Umcc9_RQktI/AAAAAAAAAnM/P_mHvVBJTFM/s1600/IMG_9866.JPG" height="213" width="320" /></a></div>
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<a href="http://3.bp.blogspot.com/-jr0BTCK2LRs/UmcdTgmdpCI/AAAAAAAAAnU/wPQrqDEZwxU/s1600/IMG_9928.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-jr0BTCK2LRs/UmcdTgmdpCI/AAAAAAAAAnU/wPQrqDEZwxU/s1600/IMG_9928.JPG" height="320" width="213" /></a></div>
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<a href="http://1.bp.blogspot.com/-Fx3KJ3oioNo/Umcdw1n89TI/AAAAAAAAAnk/6xB_FHMOorc/s1600/IMG_9981.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-Fx3KJ3oioNo/Umcdw1n89TI/AAAAAAAAAnk/6xB_FHMOorc/s1600/IMG_9981.JPG" height="213" width="320" /></a></div>
<br />Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-35474862924947840222012-03-03T18:19:00.001-03:002012-03-03T18:19:13.703-03:00Ai ai Sirleyde!O que querer de Sirleyde? O que pensar de Sirleyde? O que pensar do povo? Prefiro a ideia de multidão. O povo é convergente a uma ideia na qual uma força centripeta define o seu modo de agir, ao passo que a multidão é divergente, foge da unidade politica não firmando pactos com o poder, e nesse sentido, questiona a ação do estado. Espinosa enxerga na multidão a raiz da liberdade. Segundo Rubem Alves, a Teologia da libertação sacralizou o povo humano. Mas, o povo segundo o próprio autor "é seduzido, a massa de manobra sobre a qual os espertos trabalham." Cabe ao poder manter a vida em estado de fome, visto que assim não se pensa ou se racionaliza. É imperativo as políticas dominantes a mauntenção de um estado de animalidade. No texto intitulado Ganhei Coragem Rubem Alves discorre: <br />
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<span style="color: #333333; font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: x-small;">Reinhold Niebuhr, teólogo moral protestante, no seu livro <i>O homem moral e a sociedade imoral</i> observa que os indivíduos, isolados, têm consciência. São seres morais. Sentem-se “responsáveis“ por aquilo que fazem. Mas quando passam a pertencer a um grupo, a razão é silenciada pelas emoções coletivas. Indivíduos que, isoladamente, são incapazes de fazer mal a uma borboleta, se incorporados a um grupo, tornam-se capazes dos atos mais cruéis. Participam de linchamentos, são capazes de pôr fogo num índio adormecido e de jogar uma bomba no meio da torcida do time rival. Indivíduos são seres morais. Mas o povo não é moral. O povo é uma prostituta que se vende a preço baixo. Meu amigo Lisâneas Maciel, no meio de uma campanha eleitoral, me dizia que estava difícil porque o outro candidato a deputado comprava os votos do povo por franguinhos da <i>Sadia</i>. E a democracia se faz com os votos do povo... Seria maravilhoso se o povo agisse de forma racional, segundo a verdade e segundo os interesses da coletividade. É sobre esse pressuposto que se constrói o ideal da democracia. Mas uma das características do povo é a facilidade com que ele é enganado. O povo é movido pelo poder das imagens e não pelo poder da razão. Quem decide as eleições – e a democracia - são os produtores de imagens. Os votos, nas eleições, dizem quem é o artista que produz as imagens mais sedutoras. O povo não pensa. Somente os indivíduos pensam. Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam a ser assimilados à coletividade. Uma coisa é o ideal democrático, que eu amo.</span> ¹<br />
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Lembro-me de meu Rio Grande do Norte, massacrado por oligarquias infames e estes homens vis que ocupam os cargos públicos. Fé na raça. Penso na paulicéia manipulada por um gestor que seu propósito é querer transformar o espaço público em espaço privado. Esta terra guerreira precisa abrir os olhos para não subir em "Serras" tão perigosas que cerceiam a liberdade e potência de existir e agir. Libertemo-nos de dentro! (Re)voltemo-nos com força e determinação. Luz aos pensamentos e coragem de mudar... Não é possível capitalizar a vida. A vida não é uma mercadoria. País rico é pais sem nenhum tipo de pobreza, sobretudo a de ideia, de educação, de cultura, de compreensão, de engajamento, de identidade. Que o levante aconteça a cada dia dentro de casa, na rua, no bairro, abrindo os olhos de um amigo, dilatando o próprio olhar, na família... Levante! Erga a coluna e a cabeça! Olhe nos olhos e de frente!<br />
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<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/q6rYOTeptPs?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
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¹http://www.rubemalves.com.br/ganheicoragem.htm <br />Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-64352104997007204742012-01-20T00:57:00.000-02:002012-01-20T00:57:04.914-02:00O Blog está de cara nova!!!O Blog do Espetáculo Portar(ia) Silêncio está com novo visual, atualizado com toda identidade visual do trabalho, e conta com a contribuição do ator Potiguar Rodrigo Bico, do <a href="http://facetasmutretas.blogspot.com/">Grupo Facetas, Mutretas e Outras Histórias</a> que também foi um importante parceiro durante o processo de montagem. Sejam bem vind@s e se deliciem com todas nossas informações!<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-c7x0fTilSGk/Txi4-tvAvAI/AAAAAAAAAg8/gc21P9CE1us/s1600/PORTARIA_cabe%25C3%25A7alho.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="143" src="http://1.bp.blogspot.com/-c7x0fTilSGk/Txi4-tvAvAI/AAAAAAAAAg8/gc21P9CE1us/s400/PORTARIA_cabe%25C3%25A7alho.png" width="400" /></a></div>Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-36133414896855466762010-11-26T01:36:00.001-02:002012-01-20T01:08:11.908-02:00Palavras sobre a experiencia... Reverberações do silêncio.Uma experiência dramatúrgica” (de João Júnior)<br />
09-11-2010 às 9:08 - Comentar <br />
Por Jota Mombaça<br />
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A coisa do silêncio e as câmeras de segurança do edifício. Antes mesmo os pés filmados e os passos parando e seguindo, como asas de pássaros que voam e aportam em um ninho onde mal cabem, mas se apertam, sabe-se por quê…<br />
<br />
Não cabe saber. “Sinto calor, sinto frio/ nordestino do Brasil/ vivo entre São Paulo e Rio/ porque não posso chorar.” Caetano Veloso, no começo de sua obra, mais ou menos situado no tempo do êxodo nordeste-sudeste, e mesmo um pouco depois, araçá azul, 72, por exemplo, parece nos aproximar do dilaceramento do nordestino migrante perante a cidade (grande) em que chega.<br />
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João Júnior traz outro corpo para outro tempo, um corpo migrado, curtido, reconstituído de próteses que nem sempre lhe cabem, as suas pequenas tragédias sufocadas pela resignação. “Aproveita uma revoada de pássaros selvagens para evadir-se” e depois de ir chega e o tempo passa e o pássaro fica (dócil) e aí se lembra do tempo distante em que viu na tevê (o que nós vemos projetado onde antes se projetaram os ângulos melancólicos dados pela câmera de segurança) Jair Rodrigues vencer o Festival da Record, ainda em 66, cantando a Disparada de Vandré.<br />
<br />
Ainda é silêncio quando Ou toca uma gaita que quer ser sanfona Ou ouve baixo, no rádio de pilha antigo, a música de Luiz Gonzaga e a canção esquecida dos pais. Veio puxando uma cachorrinha e, quando fica, fica de Cacilda amigo, sinceramente amigo, como era amigo de Baleia Fabiano. E é a ela, à cachorra, que se entrega triste, porque ela lhe olha e lhe vê e até compraria na farmácia um remédio se ele pedisse, né? O Juão (não o Júnior) quem me falou sobre o caráter mítico desta figura da cachorra e eu associei isso à expressão que minha mãe – nordestina que nasceu pobre e errou por um tempo com a família pelo nordeste até parar aqui – usa e aos migrantes de Graciliano – em Vidas Secas.<br />
<br />
Quase chorei agora enquanto escrevia porque estou ouvindo Disparada e porque Fabiano grunhia porque não sabia falar, porque “não tinha leitura” e por isso também não se podia impor ao patrão assim como não se impõem à vida os tristes homens que vivem nas camadas da narrativa de João Júnior. Lá (no salão nobre do TAM, quinta-feira, dia 04, dia em que assisti à encenação) eu chorei quando, em uma das camadas, eu os vi a todos, um a um, no vídeo, na cena multimídia – como quando, por exemplo, o rosto de um destes “paraíbas” se faz projetar no peito do ator que fala com a voz do autor, que lhe existe no corpo, e é o corpo esbelto de João Júnior que parece hibridizar-se com o corpo do vivente que lhe deu voz, assistimos ao surgimento de uma terceira coisa, um terceiro homem que ora chia ora nega a dicção do lugar de onde não veio. Sabe, vê-los me aproximou deles, ou melhor, aproximou-os de mim e eu me pude colocar neles e é isso que mais me dilacerou/dilacera/dilacerará, mais até do que constatar a verossimilhança daquela narrativa de superposições de retratos quase fiéis dos nove ou dez porteiros migrados saídos de um lugar em que todo mundo os via para viver noutro tão cheio de gente que não quer saber da dor da gente.<br />
<br />
Quem sou eu quando chego lá e não saio? Portaria silêncio. Eu sou este edifício e a sombra do homem que transita por avenidas, praças e viadutos de um lugar que não é este homem nem sou eu. Eu deixei minha mãe em casa, quero voltar antes que ela morra, mas quero ir bem de vida, por isso vou juntando dinheiro – e sonhos falhos. Considero-me a meio caminho: eu já vim, falta voltar. “Os homens sabem fazer tudo menos ninhos de pássaros.”<br />
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Crítica do Jota Mombaça sobre a experiência publicada no substantivo plural.<br />
www.substantivoplural.com.br/uma-experiencia-dramaturgica"-de-joao-junior/Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-29232284261299302202010-11-26T00:37:00.000-02:002010-11-26T00:43:30.054-02:00Imagens da PORTAR(IA), olhares sobre o SILÊNCIO.<a href="http://goo.gl/photos/tUGY2StjZ3" imageanchor="1" style="clear:right;margin-bottom:1em;margin-left:1em"><img border="0" src="http://lh3.ggpht.com/_asyqLQQVkPw/TO8GwPO4hJE/AAAAAAAAAVo/LGm-kwIBckA/s160-c/PortarIaSilencioUmaExperienciaDramaturgicaPorPabloPinheiro.jpg"></a><br />
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Album de imagens das apresentações da temporada no salão nobre do Teatro Alberto Maranhão - Natal/RN. 28/10/2010 a 06/11/2010.<br />
Fotos: Pablo Pinheiro.Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-4351534385311475782010-10-24T02:51:00.001-02:002010-10-24T02:52:29.540-02:00instalação sonora<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TMO7gq_5qOI/AAAAAAAAAF4/ppnovCGSRdA/s1600/artesonora.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 283px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TMO7gq_5qOI/AAAAAAAAAF4/ppnovCGSRdA/s400/artesonora.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5531470937313618146" /></a>Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-68217916319413113592010-10-23T01:41:00.001-02:002012-01-20T01:09:12.691-02:00Uma experiência?O PROCESSO, uma experiência<br />
A ciência moderna, a que se inicia em Bacon e alcança sua formulação mais elaborada em Descartes,<br />
desconfia da experiência. E trata de convertê-la em um elemento do método, isto é, do caminho seguro da ciência. A experiência já não é o meio desse saber que forma e transforma a vida dos homens em sua singularidade, mas o método da ciência objetiva, da ciência que se dá como tarefa a apropriação e o domínio do mundo. Aparece assim a idéia de uma ciência experimental. Mas aí a experiência converteu-se em experimento, isto é, em uma etapa no caminho seguro e previsível da ciência. <br />
<a name='more'></a>A experiência já não é o que nos acontece e o modo como lhe atribuímos ou não um sentido, mas o modo como o mundo nos mostra sua cara legível, a série de regularidades a partir das quais podemos conhecer a verdade do que são as coisas e dominá-las. A partir daí o conhecimento já não é um páthei máthos, uma aprendizagem na prova e pela prova, com toda a incerteza que isso implica, mas um mathema, uma acumulação progressiva de verdades objetivas que, no entanto, permanecerão externas ao homem. Uma vez vencido e abandonado o saber da experiência e uma vez separado o conhecimento da existência humana, temos uma situação paradoxal.<br />
Uma enorme inflação de conhecimentos objetivos, uma enorme abundância de artefatos técnicos e uma enorme pobreza dessas formas de conhecimento que atuavam na vida humana, nela inserindo-se e transformando- a. A vida humana se fez pobre e necessitada, e o conhecimento moderno já não é o saber ativo que alimentava, iluminava e guiava a existência dos homens, mas algo que flutua no ar, estéril e desligado dessa vida em que já não pode encarnar-se. A segunda nota sobre o saber da experiência pretende evitar a confusão de experiência com experimento ou, se se quiser, limpar a palavra experiência de suas contaminações empíricas e experimentais, de suas conotações metodológicas e metodologizantes. Se o experimento é genérico, a experiência é singular. Se a lógica do experimento produz acordo, consenso ou homogeneidade entre os sujeitos, a lógica da experiência produz diferença, heterogeneidade e pluralidade. Por isso, no compartir a experiência, trata-se mais de uma heterologia do que de uma homologia, ou melhor, trata-se mais de uma dialogia que funciona heterologicamente do que uma dialogia que funciona homologicamente. Se o experimento é repetível, a experiência é irrepetível, sempre há algo como a primeira vez. Se o experimento é preditível e previsível, a experiência tem sempre uma dimensão de incerteza que não pode ser reduzida. Além disso, posto que não se pode antecipar o resultado, a experiência não é o caminho até um objetivo previsto, até uma meta que se conhece de antemão, mas é uma abertura para o desconhecido, para o que não se pode antecipar nem “pré-ver” nem “pré-dizer”.<br />
<br />
JORGE LARROSA BONDÍA é doutor em pedagogia pela<br />
Universidade de Barcelona, Espanha, onde atualmente é professor<br />
titular de filosofia da educação.<br />
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Do texto Notas sobre a experiência e o saber da experiência.Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-66174307591256470222010-10-23T01:37:00.000-02:002010-10-23T01:41:01.058-02:00Matéria na Tribuna do Nortehttp://tribunadonorte.com.br/noticia/destinos-migrados/163192<br /><br />Matéria no Jornal Tribuna do Norte acerca das jornadas da experiencia dramaturgica que será realizada em São Gonçalo do Amarante e em Natal. Fazendo algumas correções em relação a matéria o trabalho não é um experimento, e sim, uma experiência como cito no programa do espetáculo, que chama-se PORTAR(IA) SILÊNCIO, uma experiência dramatúrgica e as apresentações no Teatro Alberto Maranhão aconteceram sempre as 18 hs, abrindo o projeto FIM DE TARDE, a ser realizado no Salão Nobre do Teatro.Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-41551442136846951102010-10-23T01:33:00.000-02:002010-10-23T01:35:00.476-02:00PORTAR(IA) SILÊNCIO, uma experiencia dramatúrgica.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TMJX1fl3D_I/AAAAAAAAAFw/SkqDDdrUHQM/s1600/web_flyer-2.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 283px; height: 400px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TMJX1fl3D_I/AAAAAAAAAFw/SkqDDdrUHQM/s400/web_flyer-2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5531079868889370610" /></a>Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-88677704794859901922010-10-09T00:12:00.000-03:002010-10-09T00:31:17.283-03:00A cidade oceano, o oceano em mim.Um atrito se apresenta nesta reta final. Como transformar em métafora o corpo juntamente com a imagem? Como atritar a palavra proferida com o corpo em desalinho? Trazer a tona a experiencia da cidade dentro de mim. A experiencia do dia a dia de operário da poesia a olhar o metrô, os transeuntes, o trem, os centros da zona leste, o leste-oeste dentro de mim, o nordeste que vive aqui, os ruídos do mp4 que me auxilia nos labirintos que crio para abrigar os minotauros que alimento são motes para o desenho/não desenho deste corpo no espaço. Um corpo em ruído de criação e expansão. Um corpo dilacerado pela experiencia da migração. Um corpo destruído/reconstruído... <br />Bachelard me conforta:<br />Quando a insônia, mal dos filosófos, aumenta devido ao nervosismo causado pelos ruídos da cidade, quando, na Praça Maubert, tarde da noite, os autmóveis roncam e o barulho dos caminhões me faz maldizer meu destino de citadino, consigo ver paz vivendo as metáforas do oceano. Sabe-se que a cidade é um mar barulhento; já se disse muitas vezes que Paris faz ouvir, no meio da noite, o murmúrio incessante das ondas e das marés. Com essa banalidade, construo uma imagem sincera, uma imagem que é minha, tão minha como se eu mesmo a tivesse inventado, seguindo minha doce mania de acreditar que sempre sou o sujeito do que penso. Quando o barulho dos carros se torna mais agressivo, esforço-me para ver nele a voz do trovão, de um trovão que me fala, que ralha comigo. E tenho piedade de mim mesmo. Eis, pois o pobre filosófo de novo na tempestade, nas tempestades da vida! Faço devaneio abstrato-concreto. Meu divã é um barco perdido nas ondas; esse silvo súbito é o vento nas velas. O ar em fúria buzina de toda parte. E falo comigo mesmo para me reconfortar: vê, tua embarcação é resistente, estás em segurança em teu barco de pedra. Dorme, apesar da tempestade. Dorme na tempestade. Dorme em tua coragem, feliz por ser um homem assaltado pelas ondas.<br />E eu durmo, embalado, pelos ruídos de Paris.<br />BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. p. 46.Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-68171794541018376442010-10-04T01:06:00.000-03:002010-10-23T01:36:17.536-02:00PORTAR (IA) SILÊNCIO, uma experiência dramatúrgicaA primeira etapa da pesquisa está sendo concluída com a temporada da experiência dramaturgica a ser compartilhada entre os dias 25/10 a 06/11 em São Gonçalo do Amarante e Natal, assim como, a abertura do núcleo de pesquisa "Laboratório do Corpo" a ser orientado por Joana Levi (preparadora corporal da pesquisa) e do seminário "dramaturgia da recepção, o lugar do espectador na cena contemporânea" a ser realizado entre os dias 30/10 a 02/11. Nessa etapa da pesquisa a idéia é abrir o processo dessa dramaturgia que tem nas narrativas recolhidas com os migrantes nordestinos em São Paulo o mote para sua construção e pesquisa. A relação com o audiovisual foi o elemento detonador da busca pela fragmentação e performatividade das narrativas, bem como, da proposta sugerida pelo corpo na cena. Um olhar mais aprofundado sobre a relação dos entrevistados com a câmera intermediada por mim, revelou a relação de poder instaurada entre eu, proponente de uma pesquisa, e o objeto desta pesquisa, os migrantes-porteiros. A forma como cada entrevistado se comportou e narrou sua própria trajetória já continha uma reverberação profunda dos conteúdos de vida de cada, por mais, que este conteúdo estivesse sendo revelado entre-palavras, nos intertícios, nas respiração e no olhar fugidio. O audiovisual tornou-se um elemento de aproximação e distanciamento ao mesmo tempo. Distanciei-me num primeiro momento, no tempo do encontro, e me aproximei na solidão das análises de cada um durante as entrevistas. A dramaturgia que está sendo construída, está sendo sim, visto que o processo segue em andamento após esta experiencia de contato com o público, é a busca por entender a migração tambem através da forma que está sendo preterida, do narrativo para o performativo. Da palavra-imagem para o corpo-imagem. Um diálogo direto com o audiovisual como meio de aproximação do universo intraficcional proposto pelas primeiras narrativas apresentadas, bem como de distanciamento e estranhamento no encontro com o corpo-palavra na segunda parte do experimento até a implosão de todos os espaços onde tudo se funde de forma una, e ao mesmo tempo, fragmentada é o percurso dessa dramaturgia . Neste momento, portar o silêncio é fundamental para a construir a polifonia almejada. Acredito no ser migrante como condição sine qua non do viver, desde quando nascemos e migramos heroicamente de um meio líquido para adentrar a jornada do viver, assim como nos lega Joseph Campbell ao falar sobre a saga do herói, e morrer a cada dia até o momento que fazemos a "passagem". Morrer é um ato migratório de fusão ao universo. Senão estamos satisfeitos conosco, buscamos mudanças, migramos internamente de um lugar a outro dentro de nós mesmos. Somos nomades dentro da jornada interior que é o viver. Os deslocamentos territoriais são apenas reverber-ações de movimentos internos. O centro do mundo é o lugar onde se está, já dizia Milton Santos. Nesse sentido, o centro do mundo é construído através do meu olhar sobre aquilo que me envolve. O silêncio da portaria dos prédios foi o lugar que encontrei para ecoar as metaforas e jorrar as lembranças que utilizei para percorrer esta jornada de vida/artistica/processo/ de ser migrante que optei para manter-me vivo.<br /><br />1 JORNADA<br />LOCAL: TEATRO MUNICIPAL DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE.<br />DIAS: 25, 26 E 27/10.<br />HORA: 20 hs.<br />Entrada Franca.<br />Retirada de ingressos nos dias de apresentação no teatro.<br /><br />2 JORNADA<br />LOCAL: SALÃO NOBRE DO TEATRO ALBERTO MARANHÃO (NATAL/RN)<br />DIAS: 28 A 31/10<br /> 03 A 06/11<br />HORA: 18:00 hs.<br />Entrada Franca.<br />Retirada de ingressos nos dias de apresentação no teatro.<br />Obs.: No dia 06 haverá uma sessão extra as 20 hs.<br /><br />FICHA TÉCNICA<br />Criação, dramaturgia e atuação: JOÂO JÚNIOR.<br />Supervisão artística e roteiro: LUIZ FERNANDO MARQUES.<br />Direção de video e imagem: LINA LOPES.<br />Preparação corporal e direção de movimento: JOANA LEVI.<br />Espaço Cênico: CRIAÇÃO COLETIVA.<br />Produção executiva (NATAL/RN): MÁRCIA LOHSS.<br />Captação de imagens (processo): LINA LOPES.<br />Captação de imagens (Lugares e Não-lugares): JOÃO JÚNIOR.<br />Captação de áudio e imagens (entrevistas): LINA LOPES.<br />Assessoria de Imprensa: MICHELLE FERRET.Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-38452710151740439462010-09-27T01:30:00.000-03:002010-09-27T01:38:10.196-03:00O tempo25´27´´ 32´´ 35´´ 60´31´´ 32´56´´ 12´14´´ 35´54´´ 21´34´´ 06´23´´ 54´56´´ 43´44´´ 11´23´´ 32´34´´ 06´43´´ 23´34´´ 17´54´´ 22´34´´ 12´43´´ 30´34´´ 18´45´´ 34´54´´ 12´21´´<br />14´54´´ 56´60´´ 54´21´´ 23´00´´ 21´56´´ 43´54´´ 1981 12´´23´´ 34´´54´´ 31´23´´ 24´24´´<br />1978 12´´ 23´´ 42´´12´´ 35´03´´ 54´ 32´´ 2008 21´´34´´ 52´´55201´´ 60´21´´ 54´23´´ 12´34´´ 1984 1979 1939 1950 01:35 34´00´´ 1973 45´54´´ 1980 33´22´´ 27.08 06:00 21´09´´ 22:32 2014 23.10 2010 55´56´´ 41´23´´ 14:30 1980 12´23´´ 365 12 30 ...Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-4741282893599233872010-09-14T00:18:00.001-03:002010-09-14T00:32:55.357-03:00o encontroO desenvolvimento da pesquisa corporal se deu a partir do material recolhido em video nas entrevistas com Sebastião, Severino, Antonio pernambucano, José, Manuel, Marco, Rosenildo, Antonio Baiano e Heronildes. Cada um dos entrevistados se expôs da maneira mais legitima diante da câmera. O olhar fugidio, a inquietação nas mãos, os lábios secos foram pontuações corporais no exercicio narrativo dos entrevistados. O olhar mostrou-se revelador diante do enquadramento proposto pela câmera. A partir deste material começamos a traçar uma pesquisa de corpo que buscava na codificação dos comentários corporais dos entrevistados um caminho de construção de uma narrativa corporal. É isso, começamos este processo de construção pelo corpo. Silêncio. A fala foi usurpada deste momento. Não sei bem porque isto aconteceu, de fato, aconteceu e a experiencia foi definindo os caminhos que estavam sendo trilhados. O melhor planejamento foi o processo. A construçao das fronteiras borradas dessa dramaturgia precisava chegar ao corpo. Bingo! O silêncio da fala foi fundamental para que pudessemos borrar a fronteira entre corpo e palavra. Mapeamos o espaço, mapeamos o corpo e agora chegou no momento de enxertar as narrativas nesse desenho corpo-espaço realizado no meses de julho e agosto. Meu corpo virou uma zona de conflito entre narrativa falada e narrativa corporal. O que interessa nesse momento é potencializar este conflito para que a palavra não se sobreponha ao corpo, visto que ela é poderosa. Um corpo que fala, as vezes, na contramão do que é dito. Um corpo que se apresenta a principio dramático em função das narrativas, e que é explodido dentro da camada intraficcional reverberando as outras vozes dessa dramaturgia. Qual o limite entre o depoimento pessoal, o personagem e o processo (involucro)? Como reunir estas três camadas? Neste tempo de silencio, onde não vinha postando informações a cerca do processo, estou reverberando as tensões geradas por este encontro. Meu corpo se tornou um campo de batalha onde os exercitos treinados por mim se enfrentam. Que todos morram aqui dentro. Enquanto eu enterro os corpos-sementes vou seguindo nessa primeira jornada.Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-71555094155521039702010-08-05T21:02:00.000-03:002010-08-05T21:14:02.417-03:00Nucleo de Pesquisa Video, retrato da memória<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TFtTF0orFVI/AAAAAAAAAFY/szT92XW7aFw/s1600/DSC00795.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TFtTF0orFVI/AAAAAAAAAFY/szT92XW7aFw/s320/DSC00795.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5502082729256883538" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TFtSQlPh3-I/AAAAAAAAAFQ/M8fa1Vw6a6s/s1600/DSC00791.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TFtSQlPh3-I/AAAAAAAAAFQ/M8fa1Vw6a6s/s320/DSC00791.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5502081814591823842" /></a>Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-30204707553182355862010-08-04T22:05:00.000-03:002010-08-04T23:02:23.440-03:00o não lugar dentro de mim<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TFobqP-JiQI/AAAAAAAAAFI/m839NAxsEfM/s1600/moda+047.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 213px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TFobqP-JiQI/AAAAAAAAAFI/m839NAxsEfM/s320/moda+047.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5501740307442141442" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TFobP5lytwI/AAAAAAAAAFA/EcyL9KIjHXM/s1600/moda+027.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 213px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TFobP5lytwI/AAAAAAAAAFA/EcyL9KIjHXM/s320/moda+027.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5501739854757803778" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TFoa64yaVmI/AAAAAAAAAE4/c3NZ1vL_FEY/s1600/moda+026.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 213px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TFoa64yaVmI/AAAAAAAAAE4/c3NZ1vL_FEY/s320/moda+026.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5501739493765043810" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TFoaFVOixpI/AAAAAAAAAEw/DiSTdOXCqaw/s1600/moda+014.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 213px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TFoaFVOixpI/AAAAAAAAAEw/DiSTdOXCqaw/s320/moda+014.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5501738573686294162" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TFoZw8D9jFI/AAAAAAAAAEo/iXk4F7BdbVY/s1600/moda+018.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 213px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TFoZw8D9jFI/AAAAAAAAAEo/iXk4F7BdbVY/s320/moda+018.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5501738223333641298" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TFoWjDL6KqI/AAAAAAAAAEg/JvzWlS0wJ9g/s1600/moda+020.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 213px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TFoWjDL6KqI/AAAAAAAAAEg/JvzWlS0wJ9g/s320/moda+020.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5501734686192970402" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TFoWL87f1sI/AAAAAAAAAEY/fSrE_GjsoTg/s1600/moda+012.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 213px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TFoWL87f1sI/AAAAAAAAAEY/fSrE_GjsoTg/s320/moda+012.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5501734289376532162" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TFoVQOzRkjI/AAAAAAAAAEQ/MM7zn5GSVRg/s1600/moda+002.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 213px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TFoVQOzRkjI/AAAAAAAAAEQ/MM7zn5GSVRg/s320/moda+002.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5501733263381729842" /></a><br />Experimento com o espaço a partir de provocações em video projetadas em um tecido que dividia o espaço em dois: o não-lugar, de onde se está, e o outro o lugar de onde se vê. A idéia de não-lugar foi criada pelo antropólogo francês Marc Augé onde ele define o não lugar como um espaço de passagem, diametralmente oposto ao lar, representado por espaços públicos de rápida circulação. Sozinho ou junto com outros o habitante do não-lugar mantém uma relação contratual com estes espaços que é representada por simbolos, como por exemplo, um ticket de metrô, um cartão telefônico, carteira de motorista, etc. No depoimento pessoal presente na construção da dramaturgia deste projeto a ideia de não-lugar está presente não só na perspectiva de vida instaurada após o processo migratório realizado por mim, onde atravessar esta cidade para cumprir compromissos profissionais, bem como, para São Carlos, interior do estado onde oriento o Grupo de Teatro Preto no Branco pelo Projeto Ademar Guerra do Governo do Estado, faz-me ser um ser andante onde muitas vezes, o meu rg é o cartão de débito, o bilhete único do metrô, entre outros simbolos da supermodernidade que caracterizam o não lugar definido por Augé. Passei a existir na vida em trânsito constante. Nos assentos do trem, no metrô, no ônibus a idéia recorrente, as lembranças, os sonhos, os desejos antigos e os novos tomam conta de mim. A pesquisa deste projeto está na vida. A pesquisa é uma escolha por lançar um olhar poético sobre a escolha de ser migrante que optei para a minha existência. Caminhando pelo país, pelo Rio Grande do Norte, pelos mares e ares de Natal, por São Paulo, pelo interior do estado, que é tão diferente da capital, por dentro de mim mesmo tenho descoberto infinitas possibilidades de um existir poético. A poesia tornou-se a casa onde moro, um lugar de resistência a impessoalidade do espaço em movimento. Nesse sentido, este sentimento de não pertencer, de estar na vida em suspenso e de passagem é um estado emocional do migrante, devido ao processo de desterritorialização vivido e pela perda de referenciais geograficos e culturais, onde a ideia de Augé a cerca do espaço fisico (aeroportos, hotéis,...) é desenvolvido na pesquisa dramaturgica do projeto como espaço simbólico localizado no plano subjetivo, no intimo do ser migrante, como provocação para um mapeamento das implicações existenciais detectadas nas narrativas e entrevistas realizadas com os porteiros durante o periodo de coleta destas entrevistas. Um não lugar de dentro. Abaixo seguem imagens do experimento realizado a partir das provocações em video realizadas por Lina, e pelo mapeamento do improviso realizado por mim no espaço e discutido por Joana.Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-21016635158622132002010-07-26T01:13:00.000-03:002010-07-26T01:45:16.976-03:00Primeiro risco cênico - do lado de dentro.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TE0SMd-osrI/AAAAAAAAAEI/fOGSlzr0ZRQ/s1600/IMG_4877.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 213px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TE0SMd-osrI/AAAAAAAAAEI/fOGSlzr0ZRQ/s320/IMG_4877.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5498070725504316082" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TE0R0D5D8dI/AAAAAAAAAEA/IYwJ50BwE1o/s1600/IMG_4859.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 213px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TE0R0D5D8dI/AAAAAAAAAEA/IYwJ50BwE1o/s320/IMG_4859.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5498070306184753618" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TE0Reh0ogqI/AAAAAAAAAD4/7dGWYbjSW7M/s1600/IMG_4962.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 213px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TE0Reh0ogqI/AAAAAAAAAD4/7dGWYbjSW7M/s320/IMG_4962.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5498069936262120098" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TE0Q0ocDnqI/AAAAAAAAADw/iggQgrgaXLs/s1600/IMG_4866.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 213px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TE0Q0ocDnqI/AAAAAAAAADw/iggQgrgaXLs/s320/IMG_4866.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5498069216483581602" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TE0QNsNIESI/AAAAAAAAADo/RC-LTDUwyQM/s1600/IMG_4953.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 213px; height: 320px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TE0QNsNIESI/AAAAAAAAADo/RC-LTDUwyQM/s320/IMG_4953.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5498068547479802146" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TE0P4P0TugI/AAAAAAAAADg/EcHJDA4yxow/s1600/IMG_4839.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 213px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TE0P4P0TugI/AAAAAAAAADg/EcHJDA4yxow/s320/IMG_4839.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5498068179082263042" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TE0Onpz1wJI/AAAAAAAAADQ/ERxVlyDYigU/s1600/IMG_4832.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 213px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_asyqLQQVkPw/TE0Onpz1wJI/AAAAAAAAADQ/ERxVlyDYigU/s320/IMG_4832.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5498066794490216594" /></a><br /><br />Imagens do primeiro risco cênico ocorrido em Natal/RN na sede do Grupo Facetas, Mutretas e outras histórias, durante o evento Gambiarra no mês de junho deste ano. A ideia do experimento era a de investigar o espaço cênico a partir da experiencia vivenciada por mim na primeira entrevista feita com Sebastião de Lima, porteiro e zelador de um condominio em Santa Cecília, São Paulo/SP no mês de maio de 2010. Nesse sentido, a ressignificação do espaço simbólico da entrevista fazia-se necessário dentro de um processo onde os conteúdos narrativos da vida do Sebastião estavam imbricados na fragmentação do seu discurso falado, da relação de poder mantida pela câmera ligada no seu local de trabalho, na próprio desconforto de se sentir invadido naquele não-lugar onde ele passa o dia inteiro. Uma relação de poder estava estabelecida e do lado de cá, eu era o detentor de duas armas poderosas: uma câmera e uma ideia pre-concebida de projeto de vida/artista. Foda-se! Fui implodido pela experiencia, massacrado pelos meus preconceitos... Sebastião, resistiu! E nisso, me mostrou a força que possui os bardos dos migrantes. Seguem imagens do depoimento artistico que transformei esta experiencia. Em breve, seguiram postagens em video.Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-69865675354515570692010-07-21T01:32:00.000-03:002010-07-21T01:37:57.149-03:00Um ator migranteNo mês de março cursei uma disciplina na pós-graduação da USP chamada Teatralidades Textuais não dramáticas: lugares de luta na dramaturgia contemporânea, ministrada pelo professor da UDESC Stephan Baumgartel. A idéia de cursar esta disciplina se dá pelo desejo de transformar este projeto, ou parte dele, num projeto de mestrado. Tanto tempo longe da universidade, desde que me formei em 2005, precisava ir voltando para jogar luz sobre este desejo. Bem, inocentemente, fui cursar esta disciplina que tinha como resultado a criação de um artigo cientifico, bom não criei um artigo, ou melhor consegui fazer um ensaio de um, pelo menos, mas enfim, é verdadeiro. Tem a primeira ideia de sistematização desse projeto e das descobertas no inicio dessa investigação. Segue o texto abaixo, com as correções e observações do professor.<br /><br />Um ator migrante: o deslocamento de uma visão dramática para um olhar performativo.<br />João Batista Ferreira Júnior<br /> <br />"Com seus pássaros<br />Ou a lembrança dos seus pássaros<br />Com seus filhos<br />Ou a lembrança dos seus filhos<br />Com seu povo<br />Ou a lembrança do seu povo<br />Todos emigram<br /><br />De uma pátria a outra do templo<br />De uma pátria a outra do Atlântico<br />De uma serra a outra das cordilheiras<br />Todos emigram<br /><br />Para o corpo de Berenice<br />Ou o coração wall street<br />Para o último tempo<br />Ou a primeira dose de tóxico<br />Para dentro de si<br />Ou para todos<br />Para dentro de si<br />Ou para todos<br />Para sempre todos emigram"<br />(“O canto do emigrante”, Alberto Cunha de Melo.)<br /><br />1. O INICIO DA VIAGEM, o processo migratório como dramaturgia pessoal do ator.<br /><br />O poema de Alberto Cunha de Melo revela a condição humana de emigrante, seja no campo geográfico, no que diz respeito ao deslocamento do lugar de origem para outro lugar onde se acredita encontrar o destino de suas realizações, seja no campo da subjetividade, no rompimento do momento presente em função da construção do futuro almejado, enquanto individuo. “O migrante é um ser deslocado, movido de seu lugar primevo onde nesse deslocamento encontra-se sentido para esta condição” (MARANDOLLA JR & DAL GALLO 2009, p. 01). <br />A necessidade de trans-migração dos conflitos vividos pelo deslocamento territorial registrados na história de vida presente na dramaturgia pessoal do ator proponente da pesquisa do projeto Inventário, parte do entendimento de que o fenômeno migratório possui implicações geográficas e existenciais, onde tal necessidade reverbera na construção de um discurso poético onde a migração e suas implicações resultem na construção de uma dramaturgia escrita instalada no espaço acerca desse deslocamento. Assim, nasce na memória individual do ator a idéia de migração de uma experiência subjetiva para a criação de um projeto artístico que reverbere as vozes que ecoam na experiência da ruptura territorial com o lugar de origem. Hm, tenho dificuldades de seguir a sua argumentação, parece linguagem de projetos para editais!<br />Os estudos da memória ocupam um vasto campo de visão (antropológica, historiográfica, sociológica, etc), mas no que interessa a presente pesquisa é a idéia de que “a memória é sempre uma construção feita no presente a partir de vivências/experiências ocorridas no passado” (KESSEL,2003, p. 02). Nesse sentido, as lembranças carregadas pelo individuo em interação com a sociedade tornaram-se material de pesquisa para a construção de uma dramaturgia pautada no recolhimento de histórias de vida de migrantes, poesias, textos ficcionais, depoimentos pessoais e videodocumentais, no afã de dialogar as particularidades da memória individual presente na experiência particular de migração contida na dramaturgia pessoal do ator com as múltiplas vozes que caracterizam a memória coletiva dos migrantes nordestinos radicados na cidade de São Paulo . Transpor o particular para o coletivo, do público para o privado. Ok, as últimas frases foram bem claras.<br />2. “QUE NORDESTE É ESSE QUE VIVE EM SÃO PAULO?”, recolhendo histórias de vida.<br />O ponto de partida para a construção da pesquisa acerca da dramaturgia encontra-se no recolhimento de narrativas de vida de nordestinos que moram na cidade de São Paulo, no intuito de responder ao seguinte questionamento: “Que Nordeste é esse que vive em São Paulo?”. <br />A abstração e amplidão do campo de pesquisa se tornaram um entrave no desenvolvimento do processo. Era preciso um canal mais potente de escoamento das lembranças para a criação de uma tessitura coletiva de narrativas de vida. Esse canal foi encontrado numa verticalização do campo de pesquisa do projeto, onde uma definição mais especifica deste, tornou-se a metáfora necessária para dar vazão as lembranças e construção de uma memória coletiva do grupo de migrantes entrevistados. No caso, porteiros de prédios e condomínios da cidade de São Paulo. Através da metáfora encontrada na profissão, está sendo possível um mapeamento de sensações, situações, lembranças e desejos intrínsecos a condição de migrante, que encontra no silêncio provocado pelo cotidiano de trabalho e na invisibilidade da profissão um espaço fecundo para o mergulho nas lembranças. Nas madrugadas silenciosas e no cotidiano de trabalho onde o porteiro é o responsável pela abertura de um espaço privado para o público, o guardião de um lugar de passagem e deslocamentos diários, a memória é revisitada. A terra de origem se faz presente nas lembranças, o diálogo interno se estabelece. Segundo Haesbert, <br />... mesmo na condição de migrante, ele não tem certeza se um dia saiu da sua terra, e a dúvida do ficar ou partir é atroz, ao ponto de, no processo de mudança, ele ao mesmo tempo se perguntar se não teria ficado “morto por lá”. Este “levar a terra consigo” ou “ficar (simbolicamente) na terra de origem” envolve todo um questionamento muito pertinente num mundo de extrema mobilidade, de novos nômades, grandes diásporas migrantes, e ao mesmo tempo, de novos/velhos enraizamentos, de defensores ardorosos de seus antigos territórios. (HAESBERT, 1999:1).<br />No contato com os porteiros a condição de migrante se apresenta em crise com a ocupação do território, e assim, a questão da identidade ocupa o centro das discussões da pesquisa através da memória. Nas narrativas orais dos porteiros é perceptível a crise gerada pela ruptura territorial, e o sonho transforma-se em pesadelo real no contato com uma realidade excludente no processo de inserção no espaço escolhido para viver, onde “a primazia das relações e dos valores sociais está vinculada à acumulação de capital” (HAESBERT, 1999, p.170). Segundo Priscila Marchiori Dal Gallo & Eduardo Marandola Jr., <br /><br />Esta mercantilização das relações contemporâneas, onde o processo de desterritorialização original iniciado pelo movimento migratório se dá, em termos existenciais, pela saída do lugar-natal, o que implica deixar os lugares de infância, juventude ou idade adulta, responsáveis pela nossa formação enquanto pessoa e sob os quais está edificada nossa identidade. <br />É por isso que a desestabilização da ligação essencial do ser com o lugar causa um abalo na segurança existencial e identidade territorial do migrante, que tem de enfrentar um desencaixe espacial. Isso o torna suscetível à angústia e ansiedade, impondo a necessidade de enraizar-se no lugar de destino. A segurança existencial e a identidade do sujeito dependem de que ele estabeleça e cultive laços com o lugar, envolvendo-se com ele (MARANDOLA JR., 2008a). (DAL GALLO & MARANDOLA JR, 2009:3)<br /> <br />Nesse sentido, a insegurança existencial gerada por esta ruptura tem como reação o isolamento e a criação de estratégias de vinculo ao território ocupado que não promovem um sentimento de pertencimento. Estas experiências mostram que o fenômeno migratório possui implicações territoriais e existenciais, onde o enfrentamento provocado pelo desencaixe espacial gera angústia e ansiedade, no processo de filiação territorial. Assim, territorializar-se torna-se um mecanismo de proteção da segurança existencial.<br />Nas tensões geradas por esta escolha se dá o território de edificação desta pesquisa em dramaturgia. Na memória coletiva dos migrantes nordestinos e na solidão das portarias dos condomínios, ergue-se na dramaturgia pessoal do ator um projeto artístico. Um olhar poético sobre esta experiência pessoal torna-se um procedimento de territorialização, visto que nasce da memória individual de migrante, e mais especificadamente, na história de vida contida na dramaturgia pessoal do ator através do seu próprio processo de desterritorialização. Ok, mas dado o título deste trabalho, sinto falta de um elo retórico com a questão do performativo. O que vc coloca aqui poderia ser muito bem preparação para um trabalho de mimese corporal!<br /><br />3. A ARTE DO CONTATO, um embate dialético.<br /><br />O recolhimento das narrativas de vida dos porteiros migrantes do nordeste se dá através do registro em vídeo de uma conversa informal entre ator-migrante e porteiro-migrante. O estabelecimento do contato com os porteiros acontece no decorrer do tempo com a intimidade criada, gerando confiança no projeto para que possam abrir os seus “baús”. <br />O roteiro para as entrevistas se estabelece no contato, no entanto, algumas perguntas são detonadores para que ambos possam submergir na experiência da memória: “Qual a cidade natal? Como era a cidade quando criança? Como era a vida na cidade de origem? Por que saiu de lá? Por que escolheu São Paulo? Como foi a viagem até aqui? O que pensava durante a viagem? Qual a primeira impressão de São Paulo?. As respostas vêem seguida, geralmente, de uma pausa, um silêncio que grita e salta os olhos de quem as ouve no olhar, e geram, em alguns casos um turbilhão de acontecimentos narrados e em outros um conflito com o passado onde a não articulação da memória, se estabelece na fragmentação do discurso falado. Instaura-se um lugar de conflito gerado por este encontro. Ouvir torna-se um labor indispensável a esta pesquisa.<br /> Tornou-se necessário, de fato, o mergulho na experiência objetiva gerada pela palavra, para que se destruísse um sentimento de manipulação dos caminhos percorridos nas lembranças alheias em detrimento do desejo criativo do projeto. Entrar em contato com o mundo interior do outro é um mergulho na própria existência através da linguagem. Nesse sentido, o “não agir” é algo fundamental para o desenlace das narrativas, dos fatos narrados, das lembranças, onde a escuta torna-se o melhor adubo para o terreno das sensações, do imaginário e das lembranças a serem colhidas. O encontro com o outro é também um defrontar-se consigo. <br /><br />4. A ESCUTA QUE CONSTRÓI UM NOVO OLHAR, a performatividade do texto verbal.<br /> <br />A escuta torna-se um processo em construção, no qual os encontros com a forma e o conteúdo das narrativas geram diferentes sensações no corpo de quem as recebe. O desejo criativo de que as narrativas possuíssem um desenlace, uma construção organizada no tempo e espaço, na articulação dos personagens que fazem parte da memória do entrevistado através das relações geradas no aspecto intraficcional das narrativas, é fruto de uma concepção dramática já pré-estabelecida para a construção dessa dramaturgia. Nesse sentido, entende-se o drama através de uma visão teatral onde, <br /><br /> O teatro é pensado tacitamente como teatro do drama. Incluem-se entre seus fatores teóricos conscientes as categorias “imitação” e “ação”, assim como a concomitância quase que automática das duas categorias. Pode-se destacar como tema inconsciente, associado à compreensão teatral clássica, a tentativa de forma ou fortalecer por meio do teatro um contexto social, uma comunidade que una emocional e mentalmente o público e o palco.” (LEHMANN, 2007).<br /><br /> Uma visão dramática acerca da dramaturgia é abalada. Instaura-se uma crise: a ruptura de um aspecto performativo das narrativas subordinado ao drama. Nesse contexto, a observação diante da própria situação dramática gerada pelas entrevistas, onde se estabelece um diálogo que tem como fim a resolução de conflitos entre os “personagens reais” daquela situação (entrevista) através de uma troca verbal. O entendimento da palavra proferida sem conexões de tempo e espaço, a fragmentação de acontecimentos, os comentários do narrador diante das situações dramáticas apresentadas, conduzem o processo de entrevista a uma reflexão sobre a linguagem preterida. Um meta-processo se estabelece no intuito de destruir as próprias concepções acerca do processo e da linguagem. O entendimento das narrativas enquanto presentificação, e não como representação, arremessam as entrevistas para a performatividade da fala. Hm, isso são afirmações que vc não fundamenta através de uma análise de um processo de entrevista. Também há de se perguntar como este aspecto performativo sobrevive a codificação das entrevistas em “espetáulo” Segundo Novarina,<br /><br />Falar não é comunicar. Falar não é trocar nem fazer escambo – das idéias, dos objetos -, falar não é se exprimir, designar, esticar uma cabeça tagarela na direção das coisas, dublar o mundo com um eco, um sombra falada; falar é antes abrir a boca e atacar o mundo com ela, saber morder. O mundo é por nós furado, revirado, mudado ao falar. Tudo o que pretende estar aqui como um real aparente pode ser por nós subtraído ao falar. As palavras não vêm mostrar coisas, dar-lhes lugar, agradecer-lhes educadamente por estarem aqui, mas antes parti-las e derrubá-las. “A língua é o chicote do ar”, dizia Alcuíno; ela é também o chicote do mundo que ela designa. <br /><br /> A palavra de acordo com Novarina é predecessora da linguagem, contém em sim uma potência interior, praticamente mística, visto que ela “existe em nós, fora de qualquer troca, fora das coisas, e até fora de nós” (NOVARINA, 1999). Engraçado que vc cita Novarina cuja linguagem altamente formalizada é tão distante da linguagem oral de memórias pessoais. Nesse embate dialético, desmorona-se os estudos da memória acerca da elaboração do projeto estético, visto que para a memória um dos elementos mais importantes, que afirmam o seu caráter social é a linguagem. Lembrar e narrar se constituem da linguagem. Como diz Ecléa Bosi a linguagem é o instrumento socializador da memória, pois reduz, unifica e aproxima no mesmo espaço histórico e cultural vivências tão diversas, como o sonho, as lembranças e as experiências recentes (KESSEL, 2002).<br />Os fatos narrados e seus conteúdos se equivalem em importância quanto à forma de contá-los. A recepção das narrativas é interpelada pela forma não linear com que elas são feitas. O papel de condutor da entrevista é transposto, e o narrador torna-se o guia de suas próprias necessidades. A situação presencial das entrevistas transforma-se em conteúdo investigativo quanto à construção da dramaturgia. Nesse aspecto, a palavra contada edificada no âmago das lembranças dos entrevistados, se torna um exercício político ao percorrer o tempo e confrontar-se com o presente num embate com a experiência de ser migrante, onde muitas vezes, o retorno a terra de origem através da memória torna-se catártico, no sentido de uma profusão de lembranças, sensações e sentimentos que não possuem uma trajetória linear. <br />O contato com o texto verbal, desloca o papel de investigador de conteúdos para a pesquisa acerca da linguagem, e a forma do que é narrado problematiza a formulação dramática entre individuo, ação e diálogo, sendo o interlocutor-entrevistador-espectador um co-ator da experiência alheia, tornando aquela uma experiência própria, a partir do momento que se promove uma intervenção, um chamamento as forças libidinais, emocionais e sociais que constituem o individuo-receptor-pesquisador-ator daquela situação.<br /> A situação representacional das entrevistas, torna-se um campo de pesquisa para a situação representacional a ser criada através da encenação a ser desenvolvida. O resultado de um espetáculo se dissolve no cotidiano do processo de sua construção, tornando o momento do contato com o público parte integrante do processo, e não mais, o fim da linha. O abrir de novas portas. O abrigo de novos olhares. A idéia de encenação é discutida a partir da experiência da recepção proporcionada pelas entrevistas, a interpelação gerada pelas narrativas, desloca o lugar de ator-entrevistador para outros espaços acerca desta pesquisa onde outros territórios precisam ser ocupados pelo ator: o dramaturgo, o encenador, o cenógrafo, enfim, um pensador e criador da experiência pretendida com esta pesquisa em sua amplitude acerca do fenômeno teatral. A experiência do ouvir tornou-se um pensar a cena e a construção da dramaturgia a partir das sensações provocadas pelo encontro com a palavra do depoente. O texto verbal se torna um caminho para a construção de uma dramaturgia onde as vozes dos “migrantes da portaria” ecoem junto a múltiplas vozes, onde o espectador a ser seduzido por este processo-espetáculo seja interpelado em suas forças interiores primitivas, em seus preconceitos, em sua racionalidade, assim como o ator foi convocado interiormente no recolhimento de seu material dramatúrgico através dos diálogos-entrevistas. <br />A transposição da situação gerada no processo de entrevista para uma situação representacional, onde o aspecto performativo mostrou-se um eco dentro da criação do fenômeno teatral pretendido com o projeto, revirou o entendimento acerca da pesquisa. A destruição de um olhar sobre o processo, com ênfase nos aspectos dramáticos que a cena a ser desenvolvida possa ter, se dá na experiência do próprio processo. Assim, a subjetividade artística, antropocêntrica, é destruída no embate com a linguagem. A experiência gerada pelas entrevistas tornou-se um procedimento para pensar o espaço a ser instalado o texto. No texto verbal criado através das narrativas dos porteiros, foi criado um espaço onde as qualidades corporais, espaciais e temporais da fala do discurso gerou um pensar a encenação como instalação. <br />O teatro enquanto meio de encenação (da forma dramática) tem como tarefa levar o representado à cena e desaparecer nesta encenação – o teatro enquanto uma situação de instalação, entretanto, torna perceptível o próprio ato da percepção e da recepção. Aqui, o enquadramento é focado e isso faz com que a função poética da língua [...] seja enfatizada em detrimento da sua função denotativa. [...] A instalação da linguagem verbal, seu enquadramento ostensivo, sua exposição ou desemantização, ataca sua função mimética representacional e denotativa, e direciona a língua de modo auto-reflexo para o lugar da fala. A língua enquadrada desta forma segue menos uma ordem semântica do que a dinâmica de uma composição cênica, visual e sonora [para] criar um espaço imaginário que é um espaço criado por vetores energéticos. Um aspecto desta nova concepção de espaço é a idéia de trabalhar com [a exposição das] dimensões corporais, espaciais e temporais da língua. (STRICKER, p. 60). <br /> <br /> O olhar estético sobre a representação da cena processual das entrevistas, deu luz a construção de uma dramaturgia que na diversificação de seus processos construtivos, onde depoimentos pessoais, poesia, vídeos-documentais e escrita pessoal servem de detonadores de antigos modos de produção. A percepção do encontro com os porteiros durante seus depoimentos gerou no cerne do processo um olhar dilatado sobre o signo teatral. A construção de um olhar não-dramático sobre a cena, encontrando-se na idéia de teatro pós-dramático a construção dessa pesquisa, torna-se objeto de desejo, um devir necessário a transposição situacional da entrevista para a cena, desta experiência para o espectador. Segundo Silvia Fernandes (2006), em seu resumo crítico sobre o Livro Teatro Pós-Dramático, de Hans-Thies Lehmann citado por Baumgartel (2009, p. 129),<br /> <br />Para Lehmann, o teatro pós-dramático não é apenas um novo tipo de escritura cênica. É um modo novo de utilização dos significantes no teatro, que exige mais presença que representação, mais experiência partilhada que transmitida, mais processo que resultado, mais manifestação que significação, mais impulso de energia que informação. <br /> <br />A reverberação do encontro no campo energético criado entre locutor e interlocutor durante o diálogo registrado em vídeo, se enquadra perfeitamente?? Será que não há uma tensão aqui entre o uso do vida e o encontro presencial no teatro? na idéia de evocação do espectador como co-autor da cena no teatro pós-dramático. O distanciamento dos conteúdos presentes na narrativa, em detrimento da manifestação da forma narrativa utilizada pelos porteiros através do texto verbal e o contato com a câmera em ação no ato do registro do processo, se tornou um exercício de manifestação daquela situação, de evocação das forças internas do interlocutor, um exercício de presentificação, muito mais do que o registro de histórias de vida que pudessem servir a construção de uma dramaturgia pautada nos aspectos dramáticos. <br /> O espaço das entrevistas tornou-se espaço simbólico para pensar a cena e a fruição da dramaturgia, bem como a sua construção, pois ele evocou uma nova percepção acerca da pesquisa, onde a forma, registrada no contato com o outro, torna-se elemento avassalador diante dos conteúdos pesquisados. Um contato com a forma narrativa utilizada pelos porteiros, e sua diversificação, provocou a busca pela criação de “espaços experimentais para percepções não-habituais, porque possibilitam uma nova consciência da situação que o teatro significava, desde já, enquanto prática teatral: o acontecimento de um encontro entre pessoas que apresentam algo e pessoas que assistem algo” (PRIMAVESI, in: ARNOLD, 2004: 9). É, mas o vídeo indica um mediador, alguém cria uma imagem para nós, enquanto no teatro a minha liberdade de olhar é muito maior!<br /> <br /><br />5. MIGRAÇÕES INTERNAS, do representacional ao performativo. <br /><br />Uma nova visão acerca deste trabalho ergueu-se a partir de um processo de desterritorialização da prática artística e da pesquisa pré-concebida, a partir da desconstrução de uma idéia de identidade. Assim, a prática do ator dentro desta pesquisa torna-se um exercício político na migração dos conteúdos que formam o entendimento de ator neste processo vida/artístico. A migração interna se estabelece como potência reconstrutora da prática artística. Um nomadismo de saberes, experiências e percepção realiza no cerne deste Inventário o surgimento de um “ator nômade”, consciente de sua condição migratória de vida, onde a experiência da inércia artística dá vazão ao movimento. Segundo Maria Cristina da Silva Pereira,<br /><br /> Entendemos por “ator nômade”, o ator que atua na sociedade operando sua criação e construção cênica a partir da desconstrução de uma noção fixa de identidade. Sendo a noção fixa de identidade a que nos referimos àquela que centraliza e asfixia todo e qualquer diálogo com a diferença. Bom poderíamos alertar também ao perigo de diluir, junto com as identidades fixas, as relações de poder! Tudo depende da contextualização que frisa as energias (e as propostas de sociabilidades) que fixam e outras que dinamizam as identidades.<br />De acordo com os estudos culturais de Stuart Hall: “As identidades, concebidas como estabelecidas e estáveis, estão naufragando nos rochedos de uma diferenciação que prolifera”(HALL, 2005: 44). Entendemos então que o ator tem uma função não só artística, mas também social de extrema importância tanto na construção como na desconstrução de suas práticas e reflexões poéticas, que direta ou indiretamente terminam influenciando o comportamento social e de sua arte enquanto forma de revelação e manifestação simbólica.(PEREIRA, 2008:2)<br /> <br /> Dessa forma, na conscientização do papel social do ator a partir das migrações internas de seu processo de construção, destruição e reconstrução artística, apresenta-se o dissolvimento de idéias pré-concebidas acerca do teatro, pautada nos aspectos dramáticos do teatro, no que diz respeito a uma teoria do drama, onde o mover-se nos conteúdos e experiências torna-se um lugar de luta entre o passado e o futuro. O presente manifesta-se no conflito deste processo de territorialização dentro de si mesmo. A pesquisa em teatro proposta neste projeto transmigra-se para uma visão acerca da própria pesquisa da linguagem para o processo de formação de uma identidade em constante processo de construção, coerente com o mundo contemporâneo, onde novas diásporas migrantes se dão a partir do rebelar-se contra o próprio aprisionamento a conteúdos que não mais respondem ao mover-se no tempo/espaço tão característicos da condição de existência do homem contemporâneo. O nomadismo torna-se um ato de resistência, um ato de rebelia contra uma formação artística centrada numa visão antropocêntrica acerca do teatro. <br /><br />Entre você e o mundo, prefira o mundo.<br />Franz Kafka.<br /><br /><br />Bom, João, acho que vc tem um material muito rico! Agora, mas transformar o seu ‘projeto’ em um artigo um pouco mais acadêmico e analítico, vc precisa evitar generalizações. Tem que ser mais específico e fazer algo que chamamos “estudo de caso”. Para isso, não basta falar de modo geral. É preciso elaborar uns paradigmas de análise, aplicá-los ao seu estudo de caso, e depois problematizar os resultados. Entendeu? Mas independente disso, acho a proposta muito interessante. Espero que vc consiga apoio para criar um trabalho teatral!<br />Nota: A<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />Referencias Bibliográficas<br /><br /><br />BAUMGARTEL, Stephan Arnulf. Um teatro contemporâneo como laboratório da fantasia social: alguns apontamentos acerca do teatro chamado pós-dramático. In: Urdimento. n, 09, Santa Catarina: Udesc, 2007.<br /><br />GALLO, Priscila Marchiori D. & MARANDOLA Jr, Eduardo. Ser Migrante: Implicações territoriais e existenciais da migração. In: VI Encontro Nacional sobre Migrações. Belo Horizonte, 2002.<br /><br />HAESBAERT, Rogério. Identidades Territoriais. In: CORRÊA, Roberto Lobato & ROSENTHAL, Zeny (org). Geografia Cultural: Manifestações da cultura no espaço. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1999.<br /><br />KESSEL, Zilda. Memória e Memória Coletiva.<br /><br />LEHMANN, Hans-Thies. Teatro Pós-Dramático. São Paulo: CosaicNaify, 2007.<br /><br />LIMA, Wlad. Dramaturgia Pessoal do Ator. Pará: 2005.<br /><br />NOVARINA, Valére. Diante da Palavra. In: Revista Folhetim, n.15,RJ: Funarte/Teatro do Pequeno Gesto, 2002.<br /><br />PEREIRA, Maria Cristina da Silva. Ator Nômade: Saberes Órfãos. In: Congresso da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas (ABRACE), 5, 2008, Belo Horizonte. Anais...Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-50860980099361300992010-07-21T01:01:00.001-03:002010-07-21T01:15:51.986-03:00Um não lugar - a portaria.Ah, como faz tempo que não posto resolvi me animar depois do trabalho de hoje. Este inventário começou a ser desenvolvido no intuito de recolher narrativas de vida de migrantes nordestinos em São Paulo, e pelo viés da memória, construir uma dramaturgia que falasse do exilio vivido quando se desterritorializa-se. Encontrei um problema, não havia recorte no que estava propondo. Pensava em ir a São Miguel Paulista, bairro da Zona Leste de São Paulo, recolher histórias de nordestinos, visto que São Miguel é um bairro formado pela migração nordestina. ???????????? Sapos coacham na minha mente. Estou perdindo no pântano de minhas pretensões. Uma luz já se apresentava e eu ainda não havia dado conta, pois já vinha conversando com vários nordestinos radicados em São Paulo e não havia percebido que todos eles eram porteiros de edificios e condominios da cidade. Bingo!!!! Recolhi nove histórias de nordestinos que moram em São Paulo, todos porteiros de edificios e condominios. Descobri na portaria um não-lugar. Um lugar de passagem. Um lugar em suspenso, tão caracteristico da vida de um ser migrante. Um migrante é aquele que vive a todo tempo buscando territorializar-se no lugar que escolheu para viver, e nisso, muitas estratégias são criadas. Desde casar-se com uma mulher da mesma cidade a constituir vilas, comunidades e bairros inteiros onde pode se preservar um pouco da sua memória. A conversa com os porteiros mostrou que a portaria é um não-lugar, assim como o do migrante nesta selva de pedra (é como eu e tantos que conheço se sentem), onde a partir da memória os porteiros relembram toda sua história de vida, a trajetoria até aquela portaria, e almejam, em sua grande maioria o desejo de voltar, que resume-se ao desejo de ser feliz. Como diz Joseph Campbel quando fala do mito do Herói o ser humano é esse herói por excelencia desde quando nasce, visto que ali está sua primeira ruptura, sua primeira migração, ele é lançado ao mundo para vencê-lo, e assim, continua sua jornada. Migramos sempre, eu acredito. Seja territorialmente ou mesmo internamente, mas buscamos sempre sair de um lugar ao outro dentro e fora de nós mesmos no intuito de ser feliz, e ao mesmo tempo, estamos fadados a experiencia material do corpo, que horas liberta, em outras aprisiona. Assim como na portaria... O tempo passa, o dia inteiro e sentado atrás do balcão: Sebastião, Severino, Manoel, Rosenildo, Antonio, José, Marco, Heronildes e Antonio voam dentro de suas imagens poéticas de infancia, e eu, do outro lado da câmera me debato como artista-manipulador na busca de que eles traduzam as minhas histórias. Viva a palavra que chicoteia o ar e diz não!Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-38245715836675950322010-07-20T23:16:00.000-03:002010-07-21T01:00:49.995-03:00Um corpo cheio de olhos e olhares.Há duas semanas comecei o trabalho de corpo com Joana Levi. Antes de relatar um tanto do que está acontecendo, vale ressaltar o valor deste trabalho com a Joana. A Joana é atriz-pesquisadora da Casa Laboratório de Teatro, e tem um trabalho de longa data a cerca dos caminhos do corpo, desde Pontedera na Itália ao Massud, nos EUA. Enfim, relatado um pouco sobre os mares que tenho percorrido através dela, vamos ao que interessa. <br />Começamos o nosso trabalho com uma apresentação de nossos repertórios a cerca do corpo. Fiz um aquecimento sozinho onde as referências que me acompanham num trabalho de preparação estavam sintetizadas numa sequencia. A partir dela, a ampliação de espaços internos e articulações se deram num primeiro momento a partir do peso do corpo sobre o chão em posições que promoviam torções. Nesse sentido, um trabalho de preparação que realizei num seminário com Danio Manfredinni, ator e diretor italiano, na Casa Laboratório no ano passado. Em seguida, um pouco de exercicios de bioenergetica experimentados em três e anos e meio de investigação em um processo terapeutico, até trabalhar a visão. A grande descoberta: a primeira visão. Entrevistas. Entre-vistas. O trabalho do chão até o plano alto, foi realizado de olhos fechados, quando me coloquei no plano alto, me foi proposto que descobrisse o proprio corpo a partir da visão. O olhar primevo. Um estado medidativo com o corpo no espaço. Meu corpo se desenhando no espaço sem o comando da mente, apenas reagindo ao olhar. Quando me dei conta já estava descobrindo os limites do meu corpo e do espaço a minha volta. A fronteira entre eu e o mundo. Caminhei na corda bamba antes de saltar o precipicio. Quando saltei descobri no espaço e na sua exploração que podia voar. Ocupei, fui ocupado, inseri ao ser inserido, fui e voltei várias vezes. Descobrimos o olhar. Este que há tanto em minha vida se mostra necessário ser desembaçado: terçol, calázio, miopia, óculos, astigmatismo, e por último, ceratite (um arranhado na córnea direita). Talvez, venha daí, o desejo de usar o audiovisual neste projeto. Visto que ele é desejo, e a cada dia, vem se tornando elemento fundamental na dramaturgia performativa que vem se instaurando. Olhar pelo olhar de uma lente como se fosse um espelho dilatando olhares. Meus olhos capturam. Minha mente edita. E eu sou um filme de mim mesmo nisso tudo. Representando a mim na portaria que me encontro.Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-67162765852798151732010-06-07T20:17:00.001-03:002010-06-07T20:24:22.566-03:00fugindo do temaEstou na aula de Gestão de Projetos Cênicos, um curso que estou fazendo na Escola SP para as artes do palco sobre a viabilização e gestão de projetos na área das artes cênicas. Neste momento, estamos preenchendo uma planilha de um suposto projeto. Enfim, a idéia de cursar este curso foi o de aplicar os conhecimentos em gestão discutidos pelo curso no projeto. Enfim, tem sido bem legal. Sobretudo, quando recebemos alguns convidados para discutir politicas públicas para cultura, gestão de projetos já realizados... Foi incrivel a aula do Luiz Carlos Prestes Filho... No momento, estou fugindo um pouco da aula para registrar no blog a minha ansiedade por estes seis dias em Natal, onde o grupo de estudo "Video - Retrato da Memória" será iniciado nesta quarta-feira até o sábado. O restante do tempo estarei num trabalho de imersão dentro do projeto com o foco de levantamento de uma dramaturgia de cena. Chegou a hora de colocar no espaço toda a discussão, as crises, as dores e transformar em poesia as migrações internas deste individuo-artista-processo. Já estou no mar... <br />"Quem te ensinou a nadar<br />Quem te ensinou a nadar<br />Foi, foi marinheiro <br />Foi os peixinhos do mar..."<br /><br />Estamos chegando...<br />Eu e Lina.<br />Viva o reencontro.Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-2572883491379157312010-06-01T20:29:00.000-03:002010-06-01T20:31:12.112-03:00video - Retrato da Memóriavídeo - retrato da memória<br />uma proposta de estudo experimental na fronteira entre o audiovisual e as artes cênicas.<br /><br /><br />Os planos do vídeo se articulam e criam diversas sensações aos expectadores pelo modo como sua composição é escolhida. As cores, os objetos, as texturas, o modo como os personagens estão lá retratados, a música de fundo, as falas e o gestos, tudo é construção de linguagem para levar o espectador as lágrimas, ao riso ou a uma reflexão. Assim também, a memória é, ou melhor, “são”, fragmentos de um cotidiano estranhado e elevado em seu significado a medida que alguém decide compartilhá-la. Ora, o que há de mais natural que a fotografia e o vídeo como apoios para a memória e a saudade?<br /><br />E o que dizer quando é a saudade e a memória de outro? Pensando nisso, esse pequeno encontro tem o intuito de colocar o vídeo como mais uma ferramenta possível na construção de uma dramaturgia contemporânea em cena, abordando questões técnicas sobre sua própria linguagem e buscando articulações estéticas com a linguagem do teatro.<br /><br /><br /><br /><br />dias 1 e 2 - os elementos básicos de composição da linguagem audiovisual<br />exercício 3/9 planos: a partir de uma lista de ações possíveis (ler um livro, escrever uma carta, atravessar a rua, ligar o carro, fazer a mala, etc) os participantes devem fazer um vídeo no "gatilho" (sem edição posterior) contando umas das ações escolhidas por meio de 3 planos, e depois, a mesma ação contada em 9 planos.<br />1. entender o que são planos e cortes, movimentos de câmera e mise-en-scene, eixo de ação, roteiro, decupagem e montagem;<br />2. explanação sobre os sentidos humanos e a construção da memória como uma rede neurológica afetiva.<br />dias 2 e 3 - o documentário e o vídeo retrato<br />exercício retrato em movimento: a partir de um depoimento recolhido, duplas realizarão a sua refilmagem, atentos aos gestos, falas e respiração do depoente.<br />1. entender o documentário como um gênero que dialoga com o ficcional;<br />2. pensar como transformar a identidade de pessoas em um retrato em vídeo.<br />dia 4 - experimentação final<br />exercício vídeo em cena: em cima dos "personagens" escolhidos para o exercício do retrato, cada participante escolherá uma das ações do exercício 3/9 planos para fazer uma cena de interação com uma composição de vídeo em tempo real (live cinema).<br />1. o conceito de live image/live cinema e sua possibilidade de apropriação para a performance cênica.<br /><br /><br />Lina Lopes<br />possui experiência na área de artes com ênfase em Artes do Vídeo&Fotografia e Artes do Corpo, tendo estudado e trabalhado com Hugo Rodas, Isabel Teixeira, Luiz Fernando Marques, Zélia Monteiro, entre outros. Atualmente tem se dedicado a aglutinar sua pesquisa em representação do corpo nos meios técnicos como a fotografia, o vídeo e as instalações interativas com a performance. <br /><br /><br />LOCAL: TECESOL (Sede do Facetas)<br />Periodo: 09 a 12/06.<br />Horario: Qua a Sex (18:30 as 22:30 hs)<br /> Sabado (14:00 as 18:00 hs)<br /><br /><br /><br /><br /><br />Algumas Observações:<br />1. quanto a quantidade de pessoas e público alvo: creio que umas 12 pessoas no máximo, para haver o maior aproveitamento possível da oficina. Essa é uma oficina para pessoas que atuam no teatro, seja como ator, pesquisador ou técnico;<br />2. quanto a equipamento: seria muito proveitoso que cada participante levasse seu próprio equipamento de captação audiovisual (celulares, filmadoras, mp3 palyers, câmeras fotográficas) bem como seus respectivos cabos, manuais de instalação e etc;<br />3. quanto a questões menores como infra-estrutura e outras: um projetor e/ou televisão para a apresentação dos videos, extensões, benjamins, fita crepe, tesoura, barbante, papel, lapis, etc.Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-38284883056404823252010-04-13T01:39:00.000-03:002010-04-13T01:57:04.513-03:00Migrações internas.Texto escrito quando cheguei em São Paulo.<br /><br />Cheguei às dezesseis horas de um domingo quente. O calor da cidade apontava a temperatura de meu coração-mundo aqui dentro de mim.<br />O asfalto quente fumaçava à minha frente. O fétido cheiro do ar empurrava-se narina a dentro. Havia me obrigado o gás carbônico. Tomei o torpor como opção.<br />Sequei as vias e rachei os lábios numa manifestação carnal de minha alma. Molhei infinitas vezes a boca pensando no beijo ausente que deixei para trás. Enfiei os dedos no nariz e o cinza se fez pele junto a minha. Cinza e sangue. Vida que se expele dentro junto com excremento.<br />Caminho sozinho no meio do nada. Um escuro repleto de corpos em movimento. Caminho num vão cheio de andares, luzes e alucinações. O vento frio seca o meu suor, e eu tenho seguido caminhando e agradecendo a gentileza do vento.<br />O vento tem se tornado meu fiel companheiro nessas tardes-noites de solidão. O vento tem cantando ao pé do meu ouvido lindas canções para celebrar comigo este momento-movimento, arrepiando meu corpo, enrubescendo meus pêlos e me sacudindo a todo tempo. Ando me sacudindo sozinho. Venho "tonto de mar" celebrar meu corpo na infinitude do concreto ao meu redor.<br />Um mar cinza com ondas caudalosas, retilineas e barulhentas quebram dentro de mim. Ele está em fúria com pressa de varrer o inesperado, com urgência de se acalmar. Mas, a tormenta está começando agora. Peguei os remos do barco e com força, que não sei de onde, brota dos meus braços finos fazendo-me vencer a violência das ondas.<br />A tempestade começou aqui dentro. Os relâmpagos rasgam dentro de mim, enquanto a lua se esconde por entre as nuvens. A chuva está começando e cá estou sem marquise, capa ou guarda-chuva pronto, inesperadamente, para me molhar.<br />O silêncio tem sido um aprendizado por obrigação. O silêncio, o grande aprendizado da solidão. Ele me faz ouvir o barulho da chuva apontando-se ao longe. Parece aquele barulhinho bom de chuva batendo na telha que eu ouvia quando estava deitado para dormir e chovia, e chovia, e chovia acima de mim. Mas, desde de menino, eu sempre chovi muito.<br />Pois bem, rainha chuva, aqui estou feito um menino debaixo da bica esperando tomar banho de rei, enquanto um temporal me devasta por dentro.<br />Bela rainha, Chove! Pois, já estou reinando.<br /><br />São Paulo.<br />03:15 hs.<br />24/08/2008.Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-25983753609816002052010-04-13T01:36:00.000-03:002010-04-13T01:39:06.993-03:00Elocubrações na madrugadaSe pudesses arquivar a saudade,<br />Se a presença não mais existe,<br />Se amar é mover-se,<br />Se viver é esvair-se no tempo.<br />Somos imparmanentes como o vento.<br />Somos um arquivo ambulante de sensações.<br />O que levamos?<br />O que deixamos?<br />Quem somos?<br />De poeira e chão,<br />Um pedaço da terra que pisamos.<br />Um caminho percorrido.<br />De cada vida,<br />Somos um verdadeiro,<br />INVENTÁRIO.Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-42718141872103131772010-03-23T23:28:00.000-03:002010-03-23T23:31:33.322-03:00Uma Carta para Dizer que fui a GuerraA pesquisa de grupo foi a base para a construção de minha prática. O contato com e<br />ética de trabalho em grupo se deu através dos três anos de trabalho junto do Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare (Natal/RN). O afastamento do grupo me colocou em contato direto com o caos e a crise tão necessários a construção de um pensamento estético quedespontava no revoar de meus devaneios.<br />Enquanto vivemos em grupo conseguimos nos proteger nas muralhas que criamos<br />para sustentar nossas bases. Acredito numa política publica para teatro, consequentemente, num teatro público subsidiado pelo governo. A falta de caminhos para a renovação e alimento para meus questionamentos no Rio Grande do Norte, fizeram-me seguir adiante. Buscar fora das terras de poty água para matar minha sede. Na distância reencontra-se,constantemente, as lembranças.<br />O exílio é um encontro as avessas com a terra, que até então havia se perdido dentro<br />de mim. A memória foi o caminho encontrado para sustentar minhas pernas em meio ao<br />movimento dos carros e sombras dos prédios. A memória de tudo e de todos. A partir daí,surge o desejo de se debruçar sobre os recônditos da memória no afã de revelar “quem somos” nesse país de tantos. A saudade, herdeira da memória, é o sentimento condutor dessa redescoberta de minha identidade. Nasce a idéia de gerar um questionamento mais amplo sobre identidade cultural em conflito com a realidade cosmopolita, através da memória. No campo de estudo da memória, percebe-se a sua importância na formação cultural, nos diz Danilo Santos de Miranda em Memória e Cultura, a importância da memória na formação cultural humana, publicada pela editora SESC/SP em 2008:<br />... a memória, vincula-se, sobretudo, ao potencial transformador e à apreensão que se faz dos conteúdos propostos, à possibilidade de congregar beleza e crítica, entretenimento e formação de valores.<br />A cultura não se limita à preservação das identidades e tradições, mas relaciona-se com o modo de integração social e de superação de desigualdades, de autonomia dos indivíduos e das coletividades, no âmbito dos costumes, tradições, idéias e valores, modos de vida, de subsistência e existência. A cultura, continuamente construída, transformada e cultivada, deve considerar o imaginário, a criação estética e a reflexão como bens essenciais à sua formação. Ao mesmo tempo, a memória também se constitui pela interação de aspectos sociais e afetivos.<br />A memória se constrói a partir de acontecimentos arquivados, sejam eles bons ou<br />maus, mas sem sombra de dúvida, marcantes. Entender essas marcas pelo prisma da<br />história real, da formação da nossa identidade através do processo de colonização e<br />formação desse país iniciado pela região nordeste, dos acontecimentos pós-guerra, do<br />êxodo rural, do processo migratório em tempos de seca, em conflito com as histórias<br />pessoais de nordestinos que se afastaram de sua matriz cultural e genealógica é o caminho apontado nesse inventário de impressões descobertas na distância.<br />João Júnior.<br />Natal, 24 de Julho de 2009.<br />03:42 hs.<br />P.S: Meus olhos estão cheios de areia do mar aguardando o sono para me banhar.Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7163274691586396138.post-29389346911323003732010-02-22T01:47:00.000-03:002010-02-22T01:48:20.946-03:00Hoje, o <span style="font-style:italic;">Janela</span> passou a tarde conversando sobre a dramaturgia da recepção como solução para algumas lacunas do experimento do grupo. Nossa, Neto levou um texto sobre Estética Relacional e... BINGO! Tem tudo a ver com a recepção. Pensamos até que a dramaturgia da recepção seja uma das soluções que a Estética Relacional traz. Nossa, isso tem muito a ver com a oficina. A necessidade de se construir qualquer obra de arte que seja a partir dos leitores, espectadores e afins. A importância em pensar que o produto só se torna uma obra de arte quando é transformado pelo público ou quando o transforma e, portanto, só existe se esse público ta presente e atuante. E, pra isso, sempre pensar em códigos coletivos, naquilo que na oficina chamamos de “memória social”. Acho até que aquela conversa no final da oficina, pós-apresentações, contribuiu para essa Estética Relacional, já que os feedbacks de sensações revelaram pro coletivo – que fez os experimentos e que viu – inúmeras leituras, subjetividades e, de certa forma, quem viu se tornou atuante, porque os experimentos foram potencializados e tiveram uma nova leitura depois dos depoimentos das sensações, é como se muita coisa fizesse até mais sentido depois da conversa coletiva.<br /><br /> <br /> E o coletivo ia se situando, cada vez mais, como cardume, eram sensações e passos semelhantes que fazia com que, ainda que a vontade de sair existisse, todos ficassem.<br /><br /><br /><br />“As obras de arte relacional promovem encontros intersubjectivos, cujos significados são construídos colectivamente e não numa esfera de consumismo individual. Ao contrário de uma obra autónoma que transcende o seu contexto, a arte relacional está condicionada ao seu ambiente e ao seu público. A relação obra de arte/espectador sofre uma transformação, no sentido em que o espectador já não observa a obra do exterior, mas passa a integrá-la, inserindo-se no colectivo, criando uma comunidade com carácter temporário ou utópico. A obra, aberta ao espectador, necessita da sua colaboração para se completar. Nicolas Bourriaud, considerado o “pai” da Estética Relacional, refere que não se trata apenas de uma teoria de arte interactiva, mas também de uma resposta à transição de uma economia produtora de bens, para uma economia produtora de serviços ou de pós-produção. É ainda vista como alternativa às relações virtuais da Internet e à globalização, que, depois de terem criado um fosso abismal no contacto corpo a corpo, mais não fizeram do que incitar o desejo de maior proximidade física com o interlocutor. A Estética Relacional desafia-nos a reformular a relação espaço/tempo”. (FILIPA ARANDA, Estética Relacional. Disponível em: http://filiparanda.wordpress.com/2010/01/27/estetica-relacional/ Acesso em: 22.02.2010)<br /><br /><br /><br />Ana.Inventáriohttp://www.blogger.com/profile/10570637685519913456noreply@blogger.com0