sábado, 3 de março de 2012

Ai ai Sirleyde!

O que querer de Sirleyde? O que pensar de Sirleyde? O que pensar do povo? Prefiro a ideia de multidão. O povo é convergente a uma ideia na qual uma força centripeta define o seu modo de agir, ao passo que a multidão é divergente, foge da unidade politica não firmando pactos com o poder, e nesse sentido, questiona a ação do estado. Espinosa enxerga na multidão a raiz da liberdade. Segundo Rubem Alves, a Teologia da libertação sacralizou o povo humano. Mas, o povo segundo o próprio autor "é seduzido, a massa de manobra sobre a qual os espertos trabalham." Cabe ao poder manter a vida em estado de fome, visto que assim não se pensa ou se racionaliza. É imperativo as políticas dominantes a mauntenção de um estado de animalidade. No texto intitulado Ganhei Coragem Rubem Alves discorre:

Reinhold Niebuhr, teólogo moral protestante, no seu livro O homem moral e a sociedade imoral observa que os indivíduos, isolados, têm consciência. São seres morais. Sentem-se “responsáveis“ por aquilo que fazem. Mas quando passam a pertencer a um grupo, a razão é silenciada pelas emoções coletivas. Indivíduos que, isoladamente, são incapazes de fazer mal a uma borboleta, se incorporados a um grupo, tornam-se capazes dos atos mais cruéis. Participam de linchamentos, são capazes de pôr fogo num índio adormecido e de jogar uma bomba no meio da torcida do time rival. Indivíduos são seres morais. Mas o povo não é moral. O povo é uma prostituta que se vende a preço baixo. Meu amigo Lisâneas Maciel, no meio de uma campanha eleitoral, me dizia que estava difícil porque o outro candidato a deputado comprava os votos do povo por franguinhos da Sadia. E a democracia se faz com os votos do povo... Seria maravilhoso se o povo agisse de forma racional, segundo a verdade e segundo os interesses da coletividade. É sobre esse pressuposto que se constrói o ideal da democracia. Mas uma das características do povo é a facilidade com que ele é enganado. O povo é movido pelo poder das imagens e não pelo poder da razão. Quem decide as eleições – e a democracia - são os produtores de imagens. Os votos, nas eleições, dizem quem é o artista que produz as imagens mais sedutoras. O povo não pensa. Somente os indivíduos pensam. Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam a ser assimilados à coletividade. Uma coisa é o ideal democrático, que eu amo. ¹

 Lembro-me de meu Rio Grande do Norte, massacrado por  oligarquias infames e estes homens vis que ocupam os cargos públicos. Fé na raça. Penso na paulicéia manipulada por um gestor que seu propósito é querer transformar o espaço público em espaço privado. Esta terra guerreira precisa abrir os olhos para não subir em "Serras" tão perigosas que cerceiam a liberdade e potência de existir e agir. Libertemo-nos de dentro! (Re)voltemo-nos com força e determinação. Luz aos pensamentos e coragem de mudar... Não é possível capitalizar a vida. A vida não é uma mercadoria. País rico é pais sem nenhum tipo de pobreza, sobretudo a de ideia, de educação, de cultura, de compreensão, de engajamento, de identidade. Que o levante aconteça a cada dia dentro de casa, na rua, no bairro, abrindo os olhos de um amigo, dilatando o próprio olhar, na família... Levante! Erga a coluna e a cabeça! Olhe nos olhos e de frente!


 
 
¹http://www.rubemalves.com.br/ganheicoragem.htm

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