terça-feira, 14 de setembro de 2010

o encontro

O desenvolvimento da pesquisa corporal se deu a partir do material recolhido em video nas entrevistas com Sebastião, Severino, Antonio pernambucano, José, Manuel, Marco, Rosenildo, Antonio Baiano e Heronildes. Cada um dos entrevistados se expôs da maneira mais legitima diante da câmera. O olhar fugidio, a inquietação nas mãos, os lábios secos foram pontuações corporais no exercicio narrativo dos entrevistados. O olhar mostrou-se revelador diante do enquadramento proposto pela câmera. A partir deste material começamos a traçar uma pesquisa de corpo que buscava na codificação dos comentários corporais dos entrevistados um caminho de construção de uma narrativa corporal. É isso, começamos este processo de construção pelo corpo. Silêncio. A fala foi usurpada deste momento. Não sei bem porque isto aconteceu, de fato, aconteceu e a experiencia foi definindo os caminhos que estavam sendo trilhados. O melhor planejamento foi o processo. A construçao das fronteiras borradas dessa dramaturgia precisava chegar ao corpo. Bingo! O silêncio da fala foi fundamental para que pudessemos borrar a fronteira entre corpo e palavra. Mapeamos o espaço, mapeamos o corpo e agora chegou no momento de enxertar as narrativas nesse desenho corpo-espaço realizado no meses de julho e agosto. Meu corpo virou uma zona de conflito entre narrativa falada e narrativa corporal. O que interessa nesse momento é potencializar este conflito para que a palavra não se sobreponha ao corpo, visto que ela é poderosa. Um corpo que fala, as vezes, na contramão do que é dito. Um corpo que se apresenta a principio dramático em função das narrativas, e que é explodido dentro da camada intraficcional reverberando as outras vozes dessa dramaturgia. Qual o limite entre o depoimento pessoal, o personagem e o processo (involucro)? Como reunir estas três camadas? Neste tempo de silencio, onde não vinha postando informações a cerca do processo, estou reverberando as tensões geradas por este encontro. Meu corpo se tornou um campo de batalha onde os exercitos treinados por mim se enfrentam. Que todos morram aqui dentro. Enquanto eu enterro os corpos-sementes vou seguindo nessa primeira jornada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário